==== mensagem ao "Painel do Leitor" da Folha de S. Paulo ====
"A Folha noticiou: aliados do cel. Brilhante Ustra pretendem pedir que a Justiça declare serem terroristas aqueles que pegaram em armas contra a ditadura militar.
A resistência à tirania é um direito dos cidadãos. Jamais poderá ser considerado terrorista quem enfrentou os golpistas de 1964, usurpadores do poder que, eles sim, governaram sob terrorismo de estado, cometendo um sem-número de delitos, crimes e atrocidades: assassinatos; torturas; prisões ilegais; cárcere privado; perseguições de todo tipo; difamação e calúnia; extinção de entidades e associações; violação do direito de reunião e do direito de ir-e-vir; fechamento do Congresso e cassação de representantes do povo; censura à imprensa e às artes; banimento de cidadãos; desacato ao Judiciário e descumprimento de habeas-corpus; ocultação de cadáveres, etc.
Quem for à Justiça com ação tão descabida, nada receberá além de uma aula de Direito e das normas da vida civilizada. O cel. Ustra, que sabe muito bem disso, quer mesmo é contrabandear seus (pre)conceitos para o noticiário. Antes torturava os idealistas, agora tortura a verdade.
Eu desafio o cel. Ustra e seus paus-mandados a darem mesmo entrada nessa ação. Terei o máximo prazer em mostrar ao tribunal quem realmente era terrorista e quem ordenou práticas hediondas semelhantes àquelas que foram julgadas em Nuremberg."
==== mensagem à seção de "Cartas" do "Jornal do Brasil" ====
"Em seu artigo 'A Anistia Que Não Seu Certo', o coronel Jarbas Passarinho, que foi ministro no período mais escabroso da ditadura militar, faltou à verdade, ignorou o veredito da História e a posição oficial do Estado brasileiro, além de subestimar a nossa inteligência, ao escrever que a "reciprocidade da anistia, (...) no fundo, esquecia terrorismo e sua contrapartida, a tortura".
Não houve terrorismo no Brasil, além do terrorismo de estado praticado pelos golpistas de 1964, usurpadores do poder que cometeram um sem-número de delitos, crimes e atrocidades: assassinatos; torturas; prisões ilegais; cárcere privado; perseguições de todo tipo; difamação e calúnia; extinção de inúmeras entidades e associações, expurgos em outras; violação do direito de reunião e do direito de ir-e-vir; fechamento do Congresso e cassação de representantes do povo; censura à imprensa e às artes; banimento de cidadãos; desacato ao Judiciário e descumprimento de habeas-corpus; ocultação de cadáveres, etc.
A vanguarda armada, até então praticamente irrelevante, só assumiu a dianteira da luta contra a ditadura quando o AI-5 mergulhou o País no arbítrio total, inviabilizando todas as formas de luta pacíficas. Ou seja, passou para o primeiro plano quando a tortura já grassava solta.
E tinha as características inconfundíveis de um movimento de resistência, em tudo e por tudo equivalente à Resistência Francesa, que combateu basicamente o mesmo inimigo. Vale lembrar que a resistência à tirania é um direito de todo cidadão.
Pelo menos num ponto, a posição do coronel Passarinho evoluiu: agora admite explicitamente a existência da tortura. Curiosamente, ele tem defendido de público um dos piores torturadores do período. Coerência também não é o seu forte."
==== mensagem publicada pelo "Painel do Leitor" da Folha de S. Paulo em 08/02/2007
Ditadura
"A reportagem "Papéis da ditadura somem dos arquivos" (Brasil, 4/2) comprova o empenho dos culpados de práticas hediondas e de seus cúmplices em eliminar os registros dos crimes cometidos.
Evidentemente havia um responsável pela guarda desse material. Caberia ao governo federal determinar inquéritos e punições. Mas o presidente Lula já deu mostras de preferir que esse passado seja esquecido em vez de esclarecido, tanto que não ordena a abertura da caixa-preta da repressão.
O triste é que essa faina destrutiva impedirá que saibamos ao certo como morreram alguns companheiros para poder, eventualmente, localizar seus restos mortais.
Quanto ao fato de que a ditadura militar praticou torturas e cometeu assassinatos em larga escala, é tão inequívoco e unanimemente reconhecido pelos historiadores que nenhuma destruição de provas fará a mínima diferença."
CELSO LUNGARETTI, ex-preso político que restabeleceu a verdade num episódio de 34 anos atrás graças a um relatório secreto militar que veio a público (São Paulo, SP
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