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14.1.07

NÃO À POLÍTICA CRAPULOSA! (mar/2006)

O PT diz que está fazendo a mesma coisa que outros faziam – e está certo. Alega não haver inventado o exercício crapuloso do poder -- e está certo.

No entanto, faltou-lhe sensibilidade para perceber que não recebeu um cheque em branco do eleitorado, mas sim um mandato para efetuar as mudanças de que o País carecia, inclusive a de moralizar as práticas políticas.

Em vez disso, sob a batuta do Zé Dirceu, decidiu ser mais eficiente do que seus antecessores na prática da política crapulosa. Levá-la ao perfeccionismo, na vã suposição de que assim se perpetuaria no poder. E, no mau sentido, conseguiu superar até os concorrentes mais fortes, como o Collor e o Maluf.

Da mesma forma que Hitler, o Zé quis construir um reich de mil anos -- e colheu o mesmo resultado, deixando uma terra arrasada sob os escombros do seu sonho ensandecido.
O PT também não se deu conta de que não representava somente a si próprio, mas era o coroamento de uma longa e sofrida trajetória da esquerda.

Muitos morreram, muitos foram perseguidos e torturados para que a esquerda chegasse um dia ao poder. O PT simplesmente dilapidou em pouco mais de três anos o capital moral que a esquerda acumulou em duas décadas de resistência à ditadura militar e em todo o processo de redemocratização do País.

É esse também o erro de enfoque do Lula, que pensa haver sido eleito apenas por seus méritos, não tendo a humildade de reconhecer que foi no símbolo que o povo votou.

Era o humilde metalúrgico que os poderosos tinham de engolir. O sapo barbudo enfiado na goela dos capitalistas. O nordestino que conquistou o Sul-Maravilha.

Em sua ilusão de grandeza, Lula não se deu conta do que representava para seus eleitores. E acabou frustrando miseravelmente as esperanças que despertou.

É por isso que nós, verdadeiros revolucionários, temos hoje de combater o PT e Lula como uma praga. A prioridade maior, neste instante, é evitar que o povo continue vendo isso que está aí (o mar de lama) como o que a esquerda faz quando chega ao poder.

Porque não é verdade. Porque nem todos trocamos nossos ideais por cargos, mensalões, Land Rovers ou garotas de programa. Porque nem todos vendemos a alma aos banqueiros. Porque nem todos estamos dispostos a abandonar a defesa do povo humilhado e ofendido, passando a comprar seus votos com assistencialismo em vez de dar-lhe condições de sobrevivência altaneira. Porque nem todos colocamos nossos interesses mesquinhos à frente de valores muito maiores, criando condições para uma nova Redentora ao ferir de morte as instituições democráticas.

Então, temos a tarefa sagrada de construir uma nova esquerda, para que o povo não continue confundindo a luta por um Brasil melhor com a ganância e ambição de poder que caracterizam a atuação do PT. E defender essa democracia imperfeita, na esperança de que possamos adiante aperfeiçoá-la e tendo bem claro que a alternativa autoritária é muito pior.

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