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4.4.11

EUA TÊM 5 CAIXÕES PARA ENCHER

Campo de concentração nazista?
Não, mas é quase igual: Guantánamo.
Foi anunciada nesta 2ª feira (04/04) a decisão de realizar na base naval  dos EUA e centro de torturas da CIA em Guantánamo (Cuba) o julgamento de cinco suspeitos de envolvimento com o atentado contra o WTC.

Digo  suspeitos  porque processos montados com base em sevícias  valem, juridicamente, tanto quanto os IPM's da ditadura brasileira de 1964/85: nada. Não passam de lixo. A investigação teria de recomeçar do zero.

Os cinco vão ser, claro, condenados à morte pelo tribunal militar, depois de lhes negarem, arbitrariamente, o direito a todas as garantias processuais oferecidas a réus nas cortes dos EUA.

Vale repetir, mais uma vez, a comparação com a malfadada  Redentora  daqui:
  • cortes civis às vezes ousavam confrontar o arbítrio dos militares, tanto que estes, com o AI-5, proibiram-nas de conceder  habeas corpus  nos casos qualificados como de  segurança nacional;
  • já nas auditorias militares, as sentenças eram predefinidas pelos serviços de Inteligência das Forças Armadas, reduzindo os julgamentos a inócuas encenações para justificarem o veredicto pronto.
O recado dos EUA para o mundo: ignorarão
os direitos humanos de quem os desafiar.
Da mesma forma, os cinco receberão a pena máxima porque é esta a mensagem que os EUA querem enviar ao resto do mundo: a de que esmagarão quem quer que os desafie, e se não apanharem os verdadeiros responsáveis (Bin Laden continua livre como um passarinho...),  qualquer um serve.

Como serviram Sacco e Vanzetti e o Casal Rosenberg, flagrantemente injustiçados (*), vítimas de repulsivas demonstrações de força que nada tiveram a ver com o nobre ideal da justiça.

Não tenho, nem ninguém tem, como saber se os cinco de agora são mesmo terroristas ou meros bodes expiatórios.

Esta "lição de democracia" certamente
não aparecerá nos filmes de Hollywood...
Considero o atentado de 11 de setembro uma abominação, já que atingiu indiscriminadamente civis, o que combatentes do povo não devem fazer em hipótese nenhuma.

Carnificinas hediondas como as que Israel perpetra na faixa de Gaza são-nos vedadas, porque constituem a negação total do nosso solene compromisso de contribuirmos para o advento de um estágio superior de civilização.

Mas, culpados ou não, salta aos olhos que estes acusados serão linchados, e não julgados.

O presidente Barack Obama, que tentou impedir tais farsas inquisitoriais encenadas em Guantánamo, acabou humilhantemente derrotado pela direita mais boçal e troglodita do seu país.

É outro que entrou rugindo e sairá miando.

* Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti nada tinham a ver com o assalto e assassinatos pelos quais foram condenados -- cometidos, na verdade, por criminosos sem nenhum envolvimento político. A polícia sabia disto e acobertou os bandidos, deixando que os dois anarquistas italianos fossem executados para amedrontar o movimento operário. 

Ethel Rosenberg não participava das atividades do marido Julius. E este não passou de um laranja, comunista manjado que enviou aos soviéticos informações coletadas de forma amadoresca, sem valor real nenhum, sobre a bomba atômica estadunidense. 


Quem realmente revelou segredos foi (foram) cientista(s) do projeto nuclear. Julius pode até ter sido o pombo-correio, mas isto é só especulação. Também há quem defenda a tese de que o casal foi deixado exposto pelos verdadeiros espiões, exatamente para desviar as atenções do esquema principal. O certo é que a pena foi exageradíssima e a execução de ambos, um crime inominável.
 

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