Campo de concentração nazista? Não, mas é quase igual: Guantánamo. |
Digo suspeitos porque processos montados com base em sevícias valem, juridicamente, tanto quanto os IPM's da ditadura brasileira de 1964/85: nada. Não passam de lixo. A investigação teria de recomeçar do zero.
Os cinco vão ser, claro, condenados à morte pelo tribunal militar, depois de lhes negarem, arbitrariamente, o direito a todas as garantias processuais oferecidas a réus nas cortes dos EUA.
Vale repetir, mais uma vez, a comparação com a malfadada Redentora daqui:
- cortes civis às vezes ousavam confrontar o arbítrio dos militares, tanto que estes, com o AI-5, proibiram-nas de conceder habeas corpus nos casos qualificados como de segurança nacional;
- já nas auditorias militares, as sentenças eram predefinidas pelos serviços de Inteligência das Forças Armadas, reduzindo os julgamentos a inócuas encenações para justificarem o veredicto pronto.
O recado dos EUA para o mundo: ignorarão os direitos humanos de quem os desafiar. |
Como serviram Sacco e Vanzetti e o Casal Rosenberg, flagrantemente injustiçados (*), vítimas de repulsivas demonstrações de força que nada tiveram a ver com o nobre ideal da justiça.
Não tenho, nem ninguém tem, como saber se os cinco de agora são mesmo terroristas ou meros bodes expiatórios.
Esta "lição de democracia" certamente não aparecerá nos filmes de Hollywood... |
Carnificinas hediondas como as que Israel perpetra na faixa de Gaza são-nos vedadas, porque constituem a negação total do nosso solene compromisso de contribuirmos para o advento de um estágio superior de civilização.
Mas, culpados ou não, salta aos olhos que estes acusados serão linchados, e não julgados.
O presidente Barack Obama, que tentou impedir tais farsas inquisitoriais encenadas em Guantánamo, acabou humilhantemente derrotado pela direita mais boçal e troglodita do seu país.
É outro que entrou rugindo e sairá miando.
* Nicola Sacco e Bartolomeo Vanzetti nada tinham a ver com o assalto e assassinatos pelos quais foram condenados -- cometidos, na verdade, por criminosos sem nenhum envolvimento político. A polícia sabia disto e acobertou os bandidos, deixando que os dois anarquistas italianos fossem executados para amedrontar o movimento operário.
Ethel Rosenberg não participava das atividades do marido Julius. E este não passou de um laranja, comunista manjado que enviou aos soviéticos informações coletadas de forma amadoresca, sem valor real nenhum, sobre a bomba atômica estadunidense.
Quem realmente revelou segredos foi (foram) cientista(s) do projeto nuclear. Julius pode até ter sido o pombo-correio, mas isto é só especulação. Também há quem defenda a tese de que o casal foi deixado exposto pelos verdadeiros espiões, exatamente para desviar as atenções do esquema principal. O certo é que a pena foi exageradíssima e a execução de ambos, um crime inominável.
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