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13.4.11

OS DEMAGOGOS, A MÍDIA ABUTRE E O CIRCO MACABRO: PIORES DO QUE NUNCA

Um zero à esquerda assassina 12 crianças e fere outras. É chocante, claro, mas não tanto quanto a extrema -- criminosa, mesmo -- irresponsabilidade dos poderosos. Estes se comportam como grandezas... negativas.

A mídia abutre arma um circo macabro e explora o ocorrido exaustivamente, lixando-se para a obviedade de que, em meio à confusão mental do assassino, a busca por holofotes póstumos era uma de suas principais motivações: gravou vídeos dementes, deixou mensagens ridículas, até especificou como queria ser sepultado.

Conseguiu inteiramente seu objetivo: os vídeos dementes estão sendo amplamente assistidos, as mensagens ridículas publicadas e lidas  ad nauseam, as especificações fúnebres foram divulgadíssimas e até doutamente discutidas por doutos pavões.

Qual o efeito previsível de sua obsessiva e nauseante exposição por parte da indústria cultural? A repetição do ato covarde por outros frustrados anônimos ávidos pelos minutinhos de fama prometidos por Andy Warhol -- agora com o atrativo adicional de não serem apenas 15 minutos, mas sim umas duas semanas, até surgir outro acontecimento tão deplorável para os seres humanos quanto rentável para a mídia abutre.

E os abutres da política não ficam atrás, em sua faina abjeta para pegarem carona no noticiário da tragédia. Vale tudo, desde a retórica lacrimosa ou rancorosa, até a sugestão das mais estapafúrdias medidas para evitar-se a repetição do episódio. Sandices como a instalação universal de detetores de metal e um segundo plebiscito sobre a proibição do comércio de armas de fogo.

A primeira asneira implicaria a transformação das escolas do Brasil inteiro em  bunkers, com vastas equipes de vigilância permanentemente mobilizadas para evitar que invasores pulassem muros ou, simplesmente, abrissem caminho à bala.

O novo plebiscito que um velho demagogo (José Sarney) está propondo nada mais seria do que outro desperdício de verbas públicas e aporrinhação dos eleitores sem nenhum resultado concreto: em país com dimensões continentais e as fronteiras dos sonhos de qualquer contrabandista, o comércio ilegal continuaria suprindo seu  mercado, além de se tornar ainda mais florescente ao absorver as fatias que hoje pertencem ao comércio legal.

O zero à esquerda pagou com a vida a monstruosidade que praticou. Já os monstros da mídia e da política só serão punidos se houver justiça divina, ou se o povo brasileiro tomar consciência de quem são seus maiores inimigos, piores do que qualquer Wellington Menezes.

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