A senhora Maria Joseita Silva Brilhante Ustra me critica (vide aqui) por "cercear a liberdade de expressão dos militares da reserva", o que nunca fiz.
Refere-se ao meu inconformismo diante da exaltação impune do golpismo, da tirania, do terrorismo do estado, do genocídio, da tortura, das prisões arbitrárias, do estupro e da ocultação de cadáveres que teve lugar dia 29 no Clube Militar do Rio de Janeiro.
A civilização repudia incisivamente todas estas práticas, dona Joseita.
As nações que fazem respeitarem os direitos civis e humanos punem com detenção quem faz apologia de tais monstruosidades. O proselitismo da prática de atrocidades só é consentido no Brasil em razão da covardia e pusilaminidade de nossos legisladores e governantes.
Se tivessem agido a partir de 1985 como a ONU recomenda, seu marido Carlos Alberto Brilhante Ustra, declarado torturador pela Justiça Civil por ter comandado um dos piores infernos do regime infernal de 1964/85, estaria há bom tempo cumprindo merecida pena de prisão, após um julgamento como o de Nuremberg.
Em benefício dos jovens que geralmente são educados na ignorância daqueles horrores, bem como dos idosos que só recebiam informações censuradas e distorcidas, vou citar aqui a definitiva avaliação que a revista Época (vide aqui) fez de tal personagem:
Sua grotesca impunidade dá razão ao juízo sobre o Brasil que é atribuído a Charles De Gaulle, de não ser um país sério: não há lugar nenhum do mundo em que seja outorgado aos mais desalmados tiranos e a seus mais terríveis esbirros o direito de anistiarem a si próprios, em plena vigência do despotismo, como um habeas corpus preventivo para evitarem punições após a saída das trevas.
O Supremo Tribunal Federal avalizou esta ilegalidade e imoralidade. Caso os nazistas houvessem tido a mesma idéia, sem que ninguém impedisse os loucos de ditarem as regras no hospício, inexistiria o Julgamento de Nuremberg.
Também recuso a pecha de machista, pelo menos da forma como a senhora me quis rotular.
Ao qualificá-la de alegada administradora do site A Verdade Sufocada, não foi por duvidar de sua capacidade intelectual para administrar uma página virtual.
Foi, pelo contrário, porque é muito difícil para mim aceitar a idéia de que uma mulher seja a responsável última por tal depósito de imundícies.
Ficaria igualmente chocado se me dissessem que uma mulher pilota um site de pedófilos, p. ex.
Concedi-lhe o benefício da dúvida, admitindo a possibilidade de tratar-se apenas de outra Eva Braun ou Clara Petacci. Elas ligaram seus destinos a abominações, mas não se acumpliciaram com atos abomináveis.
Infelizmente não é o seu caso, dona Joseita, conforme fiquei depois sabendo, a partir de uma busca virtual. Posso até desculpar as falácias e bobagens que escreve a meu respeito, mas jamais perdoarei a utilização do nome de suas inocentes crianças numa canhestra tentativa de fazer crer que Ustra não fosse um ogro.
Lembra? Foi em 1985, quando Bete Mendes, grande atriz e extraordinária mulher, arrancou a máscara do seu marido, que até então escondia dos brasileiros seu passado infame de dr. Tibiriçá.
Ainda é encontrada na web (vide aqui) a mensagem que a senhora teria manuscrito apenas para suas filhas Patrícia e Renata, mas foi amplamente divulgada pelo Ustra nos espaços virtuais ultradireitistas, como o site do Grupo Guararapes.
Nela se pinta um quadro absolutamente fantasioso do que era o DOI-Codi, conforme se constata neste parágrafo (há muitos outros na mesma linha):
É este o local em que Ivan Seixas, então um menino de 16 anos, foi torturado juntamente com o pai Joaquim Seixas (em seguida assassinado) com tamanha violência que a algema que os ligava se rompeu?
É este o local em cujas celas várias vezes estive de passagem para depor nas auditorias paulistas (pois era prisioneiro do 1º Exército), mas o suficiente para ouvir a barulhada da pancadaria, os gritos desumanos dos torturados e, mais tarde, seus relatos agoniados?
É este o local em que, na minha primeira passagem, o comandante anterior ao seu marido fez questão de me mostrar, orgulhosamente, o trono do dragão, cadeira metálica na qual as vítimas eram atadas para receber choques elétricos?
Por último, dona Joseita: é inútil tentar desqualificar-me repetindo velhas acusações que faziam contra mim antes que a verdade histórica fosse restabelecida... exatamente com base naqueles documentos secretos que os antigos torturadores negam existir, mas utilizam a todo momento na sua propaganda enganosa e em suas campanhas de satanização dos heróis e mártires da resistência à tirania.
Nem que eu fosse mesmo culpado das fraquezas que me atribuíram erroneamente, ainda assim não passaria de um jovem que aos 17 anos assumiu, por amor ao povo brasileiro, o risco de confrontar uma ditadura assassina.
Nunca isto servirá como atenuante para um militar que, com o amadurecimento dos seus 35 anos, aceitou cumprir ordens ilegais e hediondas, cometendo indiscutíveis crimes contra a humanidade.
Refere-se ao meu inconformismo diante da exaltação impune do golpismo, da tirania, do terrorismo do estado, do genocídio, da tortura, das prisões arbitrárias, do estupro e da ocultação de cadáveres que teve lugar dia 29 no Clube Militar do Rio de Janeiro.
A civilização repudia incisivamente todas estas práticas, dona Joseita.
As nações que fazem respeitarem os direitos civis e humanos punem com detenção quem faz apologia de tais monstruosidades. O proselitismo da prática de atrocidades só é consentido no Brasil em razão da covardia e pusilaminidade de nossos legisladores e governantes.
Se tivessem agido a partir de 1985 como a ONU recomenda, seu marido Carlos Alberto Brilhante Ustra, declarado torturador pela Justiça Civil por ter comandado um dos piores infernos do regime infernal de 1964/85, estaria há bom tempo cumprindo merecida pena de prisão, após um julgamento como o de Nuremberg.
Em benefício dos jovens que geralmente são educados na ignorância daqueles horrores, bem como dos idosos que só recebiam informações censuradas e distorcidas, vou citar aqui a definitiva avaliação que a revista Época (vide aqui) fez de tal personagem:
"Entre 1970 e 1974, Ustra foi o comandante do DOI paulista, uma antiga delegacia reformada na Rua Tutóia, na Vila Mariana, em São Paulo. Lá funcionou o mais conhecido centro de torturas do regime militar que governou o país entre 1964 e 1985. Ustra assumiu o comando no apogeu da repressão. Durante sua passagem, o número de mortes e desaparecidos é calculado em 47 pessoas.
...As denúncias de tortura chegam a muitas centenas. Era um período de tanto medo e tanta insegurança que as famílias ficavam felizes quando liam num jornal que um filho fora preso. A publicação da notícia dava ao menos a esperança de que, embora estivesse condenado a padecer sob tortura, ele poderia ser encontrado com vida nas semanas seguintes.
...Ustra acabou identificado como símbolo daquilo que o regime militar brasileiro produziu de mais nocivo – a crueldade, a morte, o desaparecimento, a violência contra cidadãos desarmados e sem defesa".São inuteis seus esforços para tapar o sol com a peneira, dona Joseita. O veredicto da História sobre Ustra já é definitivo e foi sucintamente expresso pelo ex-ministro da Justiça José Carlos Dias numa frase antológica: “emporcalhou com o sangue de suas vítimas a farda que devera honrar”.
Sua grotesca impunidade dá razão ao juízo sobre o Brasil que é atribuído a Charles De Gaulle, de não ser um país sério: não há lugar nenhum do mundo em que seja outorgado aos mais desalmados tiranos e a seus mais terríveis esbirros o direito de anistiarem a si próprios, em plena vigência do despotismo, como um habeas corpus preventivo para evitarem punições após a saída das trevas.
O Supremo Tribunal Federal avalizou esta ilegalidade e imoralidade. Caso os nazistas houvessem tido a mesma idéia, sem que ninguém impedisse os loucos de ditarem as regras no hospício, inexistiria o Julgamento de Nuremberg.
Também recuso a pecha de machista, pelo menos da forma como a senhora me quis rotular.
Ao qualificá-la de alegada administradora do site A Verdade Sufocada, não foi por duvidar de sua capacidade intelectual para administrar uma página virtual.
Foi, pelo contrário, porque é muito difícil para mim aceitar a idéia de que uma mulher seja a responsável última por tal depósito de imundícies.
Ficaria igualmente chocado se me dissessem que uma mulher pilota um site de pedófilos, p. ex.
Concedi-lhe o benefício da dúvida, admitindo a possibilidade de tratar-se apenas de outra Eva Braun ou Clara Petacci. Elas ligaram seus destinos a abominações, mas não se acumpliciaram com atos abomináveis.
Infelizmente não é o seu caso, dona Joseita, conforme fiquei depois sabendo, a partir de uma busca virtual. Posso até desculpar as falácias e bobagens que escreve a meu respeito, mas jamais perdoarei a utilização do nome de suas inocentes crianças numa canhestra tentativa de fazer crer que Ustra não fosse um ogro.
Lembra? Foi em 1985, quando Bete Mendes, grande atriz e extraordinária mulher, arrancou a máscara do seu marido, que até então escondia dos brasileiros seu passado infame de dr. Tibiriçá.
Ainda é encontrada na web (vide aqui) a mensagem que a senhora teria manuscrito apenas para suas filhas Patrícia e Renata, mas foi amplamente divulgada pelo Ustra nos espaços virtuais ultradireitistas, como o site do Grupo Guararapes.
Nela se pinta um quadro absolutamente fantasioso do que era o DOI-Codi, conforme se constata neste parágrafo (há muitos outros na mesma linha):
"...nos 'porões da tortura', como eles chamam, onde 'se ouviam gritos e se mostravam presos mortos à pauladas' como eles dizem, participei e tu também, Patrícia, ainda que pequenina (3 anos) de uma pequena 'obra assistencial' a algumas presas, mais ou menos seis, uma inclusive grávida. Íamos quase todos os dias. Tu brincavas com algumas enquanto eu, com outras, ensinava trabalhos manuais como tricô, crochê e tapeçaria. Passeávamos ao sol, conversávamos (jamais sobre política), levava tortas para o lanche feitas pela minha empregada. Enfim, as acompanhávamos".É este o local em que 47 dos melhores cidadãos que este país produziu foram abatidos como cães e centenas de outros sofreram suplícios atrozes?
É este o local em que Ivan Seixas, então um menino de 16 anos, foi torturado juntamente com o pai Joaquim Seixas (em seguida assassinado) com tamanha violência que a algema que os ligava se rompeu?
É este o local em cujas celas várias vezes estive de passagem para depor nas auditorias paulistas (pois era prisioneiro do 1º Exército), mas o suficiente para ouvir a barulhada da pancadaria, os gritos desumanos dos torturados e, mais tarde, seus relatos agoniados?
É este o local em que, na minha primeira passagem, o comandante anterior ao seu marido fez questão de me mostrar, orgulhosamente, o trono do dragão, cadeira metálica na qual as vítimas eram atadas para receber choques elétricos?
Por último, dona Joseita: é inútil tentar desqualificar-me repetindo velhas acusações que faziam contra mim antes que a verdade histórica fosse restabelecida... exatamente com base naqueles documentos secretos que os antigos torturadores negam existir, mas utilizam a todo momento na sua propaganda enganosa e em suas campanhas de satanização dos heróis e mártires da resistência à tirania.
Nem que eu fosse mesmo culpado das fraquezas que me atribuíram erroneamente, ainda assim não passaria de um jovem que aos 17 anos assumiu, por amor ao povo brasileiro, o risco de confrontar uma ditadura assassina.
Nunca isto servirá como atenuante para um militar que, com o amadurecimento dos seus 35 anos, aceitou cumprir ordens ilegais e hediondas, cometendo indiscutíveis crimes contra a humanidade.
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