Companheiros e amigos,
um traço marcante da geração 68 era o sentimento de que a consciência das injustiças implicava a responsabilidade de lutar contra elas.
Havia quem criticasse tal postura, qualificando-a de voluntarista.
E existe também quem até hoje admira a disposição que tínhamos de assumir as boas causas, não medindo esforços nem riscos.
Uma lição eu aprendi na vida: um homem continua forte enquanto se mantém coerente com seus valores.
Então, quando tomei conhecimento do Caso Battisti, em 2007, imediatamente escrevi um artigo pedindo sua libertação. Pois a solidariedade era obrigatória para os revolucionários de minha geração -- e continua sendo-o, para mim, até hoje.
Mas, um companheiro com melhor trânsito nos gabinetes palacianos me garantiu que a situação estava sob controle e eu não precisaria me preocupar.
"Antes assim!", pensei, porque tinha noção clara do quanto uma luta dessas pode ser desgastante -- e já não sou jovem.
Quando houve aquele resultado adverso no Conare, entretanto, eu percebi que a situação se tornara perigosa e que, havendo travado batalhas similiares, eu tinha uma contribuição relevante a dar para que fosse evitado o pior.
Arregacei as mangas e passei de novembro/2008 a junho/2011 priorizando a causa de Battisti.
Foram viagens, palestras, debates, trâmites de todo tipo e cerca de 250 textos divulgados ao longo da luta -- encerrada com uma vitória dificílima, que ainda será reconhecida como das mais significativas que a esquerda brasileira alcançou em todos os tempos.
Nesta semana estou iniciando outra cruzada que também deverá ser das mais trabalhosas, mas considero e assumo como um dever: a de empenhar-me ao máximo para que o relatório final da Comissão da Verdade faça justiça aos que sofreram e aos que tombaram na resistência ao arbítrio.
É fundamental que a última palavra do Estado brasileiro sobre os anos de chumbo seja, exatamente, verdadeira -- pois é a que ficará para os pósteros.
Que, relatando fielmente o festival de horrores imposto ao nosso povo, sirva como dissuassivo de futuras recaídas na barbárie.
Como os nomes cogitados para a Comissão não me deram a certeza de que a integridade do trabalho seria mantida face às enormes pressões que certamente advirão, decidi pleitear uma vaga. Pois a melhor posição para influirmos nos rumos de uma luta é colocados no centro dela.
Mas, sou bem realista quanto às possibilidades de obter a indicação: elas só existirão se eu tiver forte respaldo na internet. É minha trincheira e meu provável único trunfo.
Ou caminhamos juntos ou serei ignorado sozinho; é simples assim.
Espero merecer o apoio dos companheiros.
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