Companheira Vanda,
Glauber Rocha colocou na boca de um personagem de Terra em Transe a alusão à "baixa linguagem dos interesses políticos".
Glauber Rocha colocou na boca de um personagem de Terra em Transe a alusão à "baixa linguagem dos interesses políticos".
Jean-Paul Sartre cunhou a frase célebre de que fazer política é "enfiar as mãos no sangue e na merda".
Uma poesia de Bertold Brecht diz que, para transformar o mundo, precisamos chafurdar na sujeira e abraçar o cariniceiro.
Então, companheira Vanda, eu compreendo muito bem os seus motivos, ao protestar inocência face às calúnias imundas que os direitistas lhe lançam.
Várias vezes já tentaram, até forjando uma falsa ficha policial, atribuir-lhe participação pessoal nas ações armadas contra a ditadura militar. Utilizando técnicas propagandisticas goebbelianas, querem fazer crer que você apertava gatilhos e acendia pavios, pois estes clichês impactam mais nos brasileiros que ignoram os horrores da Era Médici [Aliás, fui o primeiro a denunciar tal farsa, lembra?]
Mas, nem mesmo quatro décadas depois e sob o rolo compressor da propaganda enganosa dos fascistas, devemos deixar de proclamar que, ao pegarmos em armas contra o arbítrio, nada mais fizemos do que exercer nosso direito de resistir à tirania.
Você e eu sabemos muito bem que, a partir da assinatura do Ato Institucional nº 5, só havia esse caminho para quem tomasse a digna decisão de continuar na luta contra o despotismo, apesar dos riscos pessoais terem se tornado imensos da noite para o dia.
Não foi outro o motivo de apenas uns poucos milhares terem levado às últimas consequências suas convicções, enquanto, meses antes, uma única passeata era capaz de reunir 100 mil manifestantes. Só os imprescindíveis travam lutas suicidas, quando é a isto que a dignidade obriga.
Os que ainda tentavam atuar de peito aberto junto às massas, eram sequestrados (nenhuma captura daquele tempo respeitava as normas do Direito...) em questão de semanas, levados aos porões, barbarizados, assassinados.
Optando pela clandestinidade; mudando a aparência e montando fachadas com identidades falsas; expropriando bancos para nos mantermos (já que não havia mais como arrancarmos o sustento no mercado de trabalho) e manter nossa luta; sequestrando diplomatas para trocá-los pelos companheiros presos, salvando-os de terríveis torturas e das execuções sumárias; realizando ações de propaganda armada já que eram a única forma de levarmos nossas mensagens ao povo brasileiro; dessa forma conseguíamos permanecer atuantes... durante meses. Míseros meses!
Lembro-me de que, em 1970, prestes a completar um ano nessa luta desigual, já era considerado um veterano. Poucos dos ingressados depois do AI-5 atingiam tal marca. E, mal a completei, fui sequestrado pelo DOI-Codi, iniciando minha temporada no inferno.
Enfim, companheira Vanda, você e eu sabemos muito bem que tinhamos pleno direito de resistir pelas armas aos que haviam conspirado durante anos para usurpar o poder, fracassando numa tentativa golpista em 1961 e obtendo êxito na de 1964, para em seguida imporem o terrorismo de estado, generalizando as torturas, as arbitrariedades e as atrocidades.
Então, por mero acaso, você e eu deixamos de ser designados para para a ação direta, permanecendo como organizadores. Mas, isto só pesou mesmo nas condenações menores que recebemos, pelos critérios da ditadura.
Pelos nossos próprios critérios, que eram e são os que importam para nós, em nada nos diferenciávamos dos gloriosos companheiros incumbidos dessas missões. Mesmo porque jamais teríamos recusado a mesma incumbência, se para tanto fôssemos escolhidos.
Lembrei-lhe tudo isso porque, inadvertidamente, você foi um tanto inábil com as palavras, ao apontar a falácia cometida pelos que a acusam de ações armadas que não praticou.
Ao dizer que nunca foi "julgada ou condenada por nenhuma ação armada", tendo recebido uma pena de dois anos apenas por sua militância, parece colocar-se num plano diferenciado dos seus companheiros do Colina e da VAR-Palmares que cumpriam tais tarefas. É como alguns poderão interpretar uma frase como esta:
"Não tenho conhecimento de nenhuma pessoa que praticou ação armada e que tenha sido condenada a dois anos".Eu prefiro acreditar que suas verdadeiras convicções estejam expressas noutro trecho da entrevista que você concedeu em Cuiabá, aquele no qual declarou ter orgulho de sua história na resistência.
Pois, embora só a tenha conhecido fugazmente no Congresso de Teresópolis da VAR-Palmares, à distância acompanhei sua trajetória e sei que você sempre honrou seu passado e sua luta.
Então, entenda esta mensagem apenas como um toque de quem, depois daquele passado comum, passou o resto da vida atuando na área de comunicação: há muitos Gasparis por aí tentando criar um fosso entre os militantes que apenas sofreram nas mãos dos algozes e aqueles que ousaram responder ao fogo inimigo. Uns seriam mártires como Vladimir Herzog e Rubens Paiva, outros meros terroristas.
Tome cuidado para, na sua justificada rejeição de acusações falaciosas, não ser confundida com os que, em última análise, repudiam a opção que você e eu fizemos.
Pois não é por termos deixado de expropriar bancos ou sequestrar diplomatas que nunca fomos terroristas. Mas porque, no curso de uma luta contra o despotismo, ações desse tipo não têm caracterização criminal, e sim política. São e sempre foram atos de resistência à tirania.
Terroristas eram os outros, os que se ocultavam sob o capuz do Estado: aqueles que intimidavam, censuravam, perseguiam, sequestravam, torturavam, maltratavam crianças, estupravam, matavam e ocultavam cadáveres, como agentes de um poder ilegítimo.
Respeitosamente,
Júlio da VPR
Um comentário:
UM FACTÓIDE CHAMADO MAD
fonte: Blog do Tsavkko
Chega uma hora em que o desespero do PIG - que antes até nos fazia rir - começa a cansar e irritar.
A criação incessante de mentiras e factóides do PIG já está dando nos nervos. A mídia não se limita a denfeder apenas o DemoTucanato, faz questão de tentar criar factóides contra Dilma, PT e a Esquerda em geral. É incessante. E está beirando o ridículo.Aliás, já ultrapassou o ridículo! O PIG não tem qualquer argumento factível para desmontar o governo, para bater no governo.
O PIG simplesmente não tem como bater. E, quando tenta, faz papel ridículo e desce o nível, como no caso da ficha falsa da Dilma, no caso da Ditabranda.
A nova, agora, é o caso da revista MAD.
A revista, em eu blog, acusou a Panini de ter supostamente censurado a capa da edição de número 23 que teria a Dilma na capa e críticas ao governo Lula. De uma acusação de uma revista humorística - de cara é impossível saber se a acusação é séria ou só uma brincadeira típica - contra a Panini, sua editora, o PIG rapidamente montou o circo.
Agora foi o governo Lula quem mandou censurar a revista!
A má fé é clara.
"A notícia teve enorme repercussão no Twitter. O músico Roger Moreira (Ultraje a Rigor) escreveu: “Não é o primeiro exemplo de censura deste governo.” O ator Ary França fez coro: “Agora só falta você votar na Dilma, e endossar de vez o stalinismo!”.
O humorista Rafael Cortez, do CQC, analisou: “Não sei o que o governo ganha censurando a MAD. Estar numa capa popular com Alfred E. Neuman é uma das maiores honras que Lula e Dilma podem ter”.
Percebendo o impacto da notícia, a revista acrescentou, no final da manhã de quinta-feira, uma “nota esclarecedora” no blog, informando que não foi censurada pelo governo. “Você acha mesmo que os caras se importam com a MAD? É uma espécie de ‘autocensura’ covarde.
A MAD é uma revista de humor e tem o direito de brincar com todas as figuras políticas do Brasil, pois isso ajuda as pessoas a desenvolverem seu senso crítico.”
Procurado pelo blog, o editor da revista, Raphael Fernandes, esclareceu que a capa com Dilma foi vetada pela direção da editora Panini, que publica a “Mad”. Por volta das 16hs, o post de Fernandes no blog da revista "Mad" foi apagado.
O blog entrou em contato com a assessoria de imprensa da Panini às 14hs. Três horas depois, a editora informou: "A Panini esclarece que, com relação à questão da capa da edição 23 da revista MAD, as decisões sobre a publicação das capas fazem parte de processos internos da empresa, não se tratando de qualquer tipo de censura ou veto."
CQC's, Olavates e DemoTucanos de primeira hora não tardaram em implicar o governo na piada, o que foi desmentido pelo próprio editor da MAD! O que, obviamente, não importa para o PIG em geral, que faz de tudo para capitalizar e ter alguma munição.
O desespero começa a cansar. O que será que o chefe do Rafael Cortez, o nosso querido DEMO juvenil @Marcelotas, acha disso tudo? Deve estar orgulhoso, não?
Até mesmo algo tão irrelevante quanto uma suposta censura a uma revista humorística vira assunto relevante para os que querem, de toda forma, derrubar o governo e não vêem como através de um jogo limpo.
Ficamos no aguardo de qual será a reposta natural para mais este factóide.
Read more: http://tsavkko.blogspot.com/2010/02/caso-da-revista-mad-e-o-desespero-da.html#ixzz0gfnALxfh
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