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31.7.12

A INDÚSTRIA CULTURAL TAMBÉM DEVERIA ESTAR NO BANCO DOS RÉUS

Você tem alguma discordância com relação ao texto jornalístico abaixo, ou ele descreve corretamente o ambiente criado na véspera do julgamento? Leia com atenção:
"O julgamento de Cesare Battisti pelo Supremo Tribunal Federal é desnecessário. Entre a insinuação mal disfarçada e a condenação explícita, a massa de reportagens e comentários lançados agora, sobre o italiano, contém uma evidência condenatória que equivale à dispensa dos magistrados e das leis a que devem servir os seus saberes.

Os trabalhos jornalísticos com esforço de equilíbrio estão em minoria quase comovente.

Na hipótese mais complacente com a imprensa, aí considerados também o rádio e a TV, o sentido e a massa de reportagens e comentários resulta em pressão forte, com duas direções.

Uma, sobre o Supremo. Sobre a liberdade dos magistrados de exercerem sua concepção de justiça, sem influências, inconscientes mesmo, de fatores externos ao julgamento, qualquer que seja.

Essa é a condição que os regimes autoritários negam aos magistrados e a democracia lhes oferece.

Dicotomia que permite pesar e medir o quanto há de apego à democracia em determinados modos de tratar o julgamento de Battisti e até o papel da defesa.
O outro rumo da pressão é, claro, a opinião pública que se forma sob as influências do que lhe ofereçam os meios de comunicação.
Se há indução de animosidade contra o réu, na hora de um julgamento, a resposta prevista só pode ser a expectativa de condenação e, no resultado alternativo, decepção exaltada".
Não, a análise é impecável: a grande imprensa condenou explicitamente Battisti, com uma massa de reportagens e comentários tendenciosos ao extremo, culminando nos editoriais dos jornalões que, no dia mesmo do julgamento, pressionaram escandalosamente os ministros do STF a fazerem a vontade de Berlusconi. As revistas Época e IstoÉ, com seu esforço de equilíbrio, ficaram em minoria quase comovente.

Só que, na verdade, a citação não se refere ao julgamento de Battisti, mas sim ao do  mensalão: é o início do artigo de Jânio de Freitas na Folha de S. Paulo desta 3ª feira, 31 (veja a íntegra aqui), com umas poucas adequações .

Tais rolos compressores midiáticos --o do Caso Battisti, o do julgamento do  mensalão  e tantos outros-- comprovam o acerto da previsão de Herbert Marcuse e da Escola de Frankfurt, feita meio século atrás: 
  • a consolidação da indústria cultural desfigurou mesmo a democracia, esvaziando-a em essência; 
  • a indústria cultural está mesmo exercendo uma influência massacrante e intrinsecamente totalitária sobre seus públicos, ao apresentar os valores e interesses burgueses como os únicos razoáveis, e todos os enfoques alternativos como inconsequentes;
  • e o pior é que, ao atingir por meio da  persuasão  os resultados antes obtidos pela força, a indústria cultural consegue manter as aparências, de forma que suas vítimas têm atualmente dificuldade bem maior para perceberem a dominação que lhes é imposta e aquilatarem sua amplitude.
Por último: não me esquivarei do assunto da moda, embora o considere pra lá de superdimensionado.

O grande erro do PT foi o de, traindo seus compromissos e sua história, haver incidido nas práticas que antes execrava: comprou o apoio de parlamentares fisiológicos com recursos públicos, pois acreditou que só assim conseguiria ter seus projetos mais importantes aprovados no verdadeiro balcão de trocas em que se transformou o Congresso.

A queda dos anjos provocou orgasmos de júbilo naqueles que sempre foram demônios.

Então, tendo vindo à tona o  mensalão, a apuração dessas práticas corriqueiras da política crapulosa foi feita, desta vez, com empenho obsessivo, inaudito; nunca havia sido colocada tamanha profusão de holofotes sobre os muitos casos IDÊNTICOS denunciados, só que referentes aos partidos mais à direita.

Então, no que diz respeito a este processo em particular, a condenação procederá.

Mas, vai implicar o estupro de um princípio fundamental das democracias: a igualdade de todos perante a lei.

Pois, pelos mesmíssimos motivos, todos os outros partidos que presidiram o Brasil desde a redemocratização deveriam ser também condenados.
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SERRA ESCORREGA DE NOVO E TOMBA SOBRE SEU PASSADO

26.7.12

SERRA ESCORREGA DE NOVO. E TOMBA SOBRE SEU PASSADO

José Serra perdeu o equilíbrio de novo.

Fez triste figura mais uma vez.

Desonrou novamente os ideais de outrora.

Embora tenha terceirizado o ataque jurídico e verbal contra o blogue Conversa Afiada  (do Paulo Henrique Amorim) e o site Luís Nassif OnLine, as responsabilidades política e moral são dele, Serra. Só dele. Pessoais e intransferíveis.

Pois foi em benefício de sua candidatura que o PSDB fez uma representação à Procuradoria Geral Eleitoral, pedindo investigações... com o evidente objetivo de promover intimidações!

E foi para evitar que Serra aparecesse como paladino da imposição da censura na internet, qual um  velho cavalheiro indigno  (1) a clamar pela volta da Dª Solange (2), que o presidente tucano Sérgio Guerra incumbiu-se de tentar justificar o injustificável nos papos com a imprensa.

Assim como era seu vice, Índio da Costa, quem cortejava os eleitores de extrema-direita durante a campanha eleitoral de 2010, poupando o ex-presidente da UNE da  saia justa  de aderir ele próprio à retórica de quem fechou a UNE.

Que moral tem para falar em "atentado à democracia brasileira" o dirigente máximo do partido de Geraldo Alckmin?!

A barbárie no Pinheirinho e a ocupação militar da USP não passam de balões de ensaio golpistas, para aferir a resistência da sociedade brasileira a uma recaída totalitária, a um novo 1964. 

Ou seja, estes episódios sim merecem ser qualificados de atentados à democracia --pois são reais, bem reais, tanto que houve até uma vítima fatal (ver aqui). Não virtuais e supostos.

Pior do que escorregar do skate é vacilar em relação ao próprio passado, perdendo a identidade que o sustentava e esborrachando-se no chão dos oportunistas.
  1. aos patrulheiros do politicamente correto, informo que não se trata de afronta aos idosos, mas sim de alusão irônica ao título de uma peça do Brecht, A velha dama indigna. 
  2. Solange Teixeira Hernandes, a censora-símbolo da ditadura militar.
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PARA LER E MEDITAR (É ESTA A POLÍCIA QUE QUEREMOS?)
É HORA DE NOS LIVRARMOS DE MAIS UM ENTULHO AUTORITÁRIO: A PM
A VIDA IMITA A ARTE: "DESEJO DE MATAR"

24.7.12

É HORA DE NOS LIVRARMOS DE MAIS UM ENTULHO AUTORITÁRIO: A PM

Lendo o artigo do filósofo Vladimir Safatle, Pela extinção da PM, dei-me conta de que, quando a Polícia Militar paulista executou cidadãos honestos na semana passada, a ficha não me caiu e deixei de relacionar as matanças à recente recomendação da ONU, no sentido de que o Brasil elimine mais este entulho autoritário. 

Lapso imperdoável, pois eu havia sido o primeiro a concordar entusiasticamente com tal proposta, conforme se pode constatar no meu artigo de 04/06/2012, Da ONU para o Brasil: extingam as PM's!!! (ver aqui).

Então, é uma bandeira que estou levantando e convidando os companheiros a levantarem.

Na contramão do Paulo Maluf, que adotava como bordão o sinistro vou botar a Rota na rua!, tem tudo a ver exigirmos: vamos botar a PM no museu da ditadura!  Quiçá na mesma prateleira do Doi-Codi...

Eis o artigo do Safatle, que, claro, aprovo e recomendo:
 "No final do mês de maio, o Conselho de Direitos Humanos da ONU sugeriu a pura e simples extinção da Polícia Militar no Brasil. Para vários membros do conselho (como Dinamarca, Espanha e Coreia do Sul), estava claro que a própria existência de uma polícia militar era uma aberração só explicável pela dificuldade crônica do Brasil de livrar-se das amarras institucionais produzidas pela ditadura.
No resto do mundo, uma polícia militar é, normalmente, a corporação que exerce a função de polícia no interior das Forças Armadas. Nesse sentido, seu espaço de ação costuma restringir-se às instalações militares, aos prédios públicos e aos seus membros.

Apenas em situações de guerra e exceção, a Polícia Militar pode ampliar o escopo de sua atuação para fora dos quartéis e da segurança de prédios públicos.

No Brasil, principalmente depois da ditadura militar, a Polícia Militar paulatinamente consolidou sua posição de responsável pela completa extensão do policiamento urbano. Com isso, as portas estavam abertas para impor, à política de segurança interna, uma lógica militar.

Assim, quando a sociedade acorda periodicamente e se descobre vítima de violência da polícia em ações de mediação de conflitos sociais (como em Pinheirinho, na cracolândia ou na USP) e em ações triviais de policiamento, de nada adianta pedir melhor 'formação' da Polícia Militar.

Dentro da lógica militar, as ações são plenamente justificadas. O único detalhe é que a população não equivale a um inimigo externo.
Isto talvez explique por que, segundo pesquisa divulgada pelo Ipea, 62% dos entrevistados afirmaram não confiar ou confiar pouco na Polícia Militar. Da mesma forma, 51,5% dos entrevistados afirmaram que as abordagens de PMs são desrespeitosas e inadequadas.
Como se não bastasse, essa Folha mostrou no domingo que, em cinco anos, a Polícia Militar de São Paulo matou nove vezes mais do que toda a polícia norte-americana ('PM de SP mata mais que a polícia dos EUA', 'Cotidiano').
Ou seja, temos uma polícia que mata de maneira assustadora, que age de maneira truculenta e, mesmo assim (ou melhor, por isso mesmo), não é capaz de dar sensação de segurança à maioria da população.

É fato que há aqueles que não querem ouvir falar de extinção da PM por acreditar que a insegurança social pode ser diminuída com manifestações teatrais de força.

São pessoas que não se sentem tocadas com o fato de nossa polícia torturar mais do que se torturava na ditadura militar. Tais pessoas continuarão a aplaudir todas as vezes em que a polícia brandir histericamente seu porrete. Até o dia em que o porrete acertar seus filhos".
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19.7.12

O PT FEZ PACTO COM O DIABO OU COALIZÃO COM JUDAS?

Em seu editorial desta 5ª feira (19), É dando que se recebe (ver íntegra aqui), a Folha de S. Paulo constata: houve um "repentino e acentuado aumento de emendas parlamentares liberadas em benefício do Partido Progressista (PP), do deputado federal paulista Paulo Maluf ... paralelamente à aproximação entre a agremiação malufista e o PT para apoiar a candidatura de Fernando Haddad à Prefeitura de São Paulo".

Sem quê nem pra quê, a quinta maior bancada do Legislativo se tornou a segunda em acesso aos cofres da  viúva, superando o próprio PT e só ficando atrás do PMDB.

Os dados exibidos pelo jornal da  ditabranda  (cujas opiniões e interpretações costumam ser, no mínimo, discutíveis, mas que jamais ousaria distorcer informações que qualquer um pode checar) são conclusivos:
"Desde janeiro, o PP fora contemplado com a liberação de R$ 7,2 milhões. Nos últimos 30 dias, já obteve concessão para emendas [no Orçamento federal] que atingem R$ 36,6 milhões".
Desta vez, não há como discordarmos da conclusão da Folha:
"A estrutura pública, que deveria ser mantida à distância do jogo eleitoral, é instrumentalizada para servir a candidaturas e interesses partidários".
Não considero Maluf (veja seu perfil aqui) o pior diabo com quem o PT já fez pactos para atender a interesses eleitoreiros ou garantir a  governabilidade ao preço da amoralidade. Eu colocaria Antônio Carlos Magalhães, José Sarney e Fernando Collor no mesmíssimo patamar infernal. 

E faço questão de deixar registrado meu repúdio à promiscuidade do Partido dos Trabalhadores (ao qual me filiei antes mesmo de ele obter o registro na Justiça Eleitoral e do qual me desfiliei quando começou a negociar sua alma) com capetas menores como Renan Calheiros e Jader Barbalho.

Aliás, numa de suas frases mais infelizes, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou perceber qual a imagem que realmente tem desses aliados circunstanciais: ele os equiparou a ninguém menos do que Judas, além de invocar o santo nome do Senhor em vão, para tentar justificar o injustificável:
"Se Jesus Cristo viesse para cá, e Judas tivesse a votação num partido qualquer, Jesus teria de chamar Judas para fazer coalizão".
O que explica a facilidade com que ele aparece aos beijos e abraços com o  Judas  da vez.

E não hesita em favorecê-lo escancaradamente, usando como moeda de troca os recursos de que o Governo petista é depositário (não proprietário) e, por respeito à democracia e também às suas bandeiras de outrora, deveria destinar aos usos mais urgentes e necessários para a coletividade, não aos que sirvam para aumentar o prestígio de tal ou qual partido.
Obs.: por não haver, desta vez, incompatibilidade, estou publicando aqui também o artigo do blogue Diário de campanha do Lungaretti

18.7.12

NOVA FOTO COMPROVA QUE LAMARCA FOI EXECUTADO

A Folha de S. Paulo noticia (vide aqui): os ferimentos à bala evidenciados em foto por ela obtida comprovam o que todo mundo soube já na época e a Comissão de Mortos e Desaparecidos depois confirmou, a covarde execução do comandante Carlos Lamarca pelos militares, depois de o terem aprisionado com vida.

O mesmo destino teve o Zequinha (José Campos Barreto), cujo irmão Olival declarou: "Essas fotos, desconhecidas, mostram claramente que houve uma execução".

Elementar, meu caro Watson.

Chocante mesmo para mim foi saber que a indenização concedida à família de Lamarca pela Comissão de Anistia em junho de 2007 (ver aqui) até hoje não está sendo paga em função de uma liminar obtida pelos três clubes militares. OU SEJA, JÁ SE PASSARAM CINCO ANOS SEM QUE O MÉRITO DA QUESTÃO FOSSE JULGADO!!! 

Por que os processos relacionados aos direitos de antigos resistentes demoram tanto? Já lá se vão cinco anos e meio que um mandado de segurança meu se arrasta no STJ e um ano e meio desde que saí vencedor no julgamento do mérito da questão por 9x0. O trâmite deveria ser agilizado até por força da minha condição de idoso. Mas...

Há mais coisas entre o céu e a Terra do que supõe nossa vã filosofia (Shakespeare).

FARSA DESMASCARADA

Outra versão que não se sustenta mais graças a uma foto encontrada nos arquivos macabros é a de que o engenheiro Raul Amaro Nin Ferreira teria morrido de uma doença no fígado. A imagem dele, 11 dias antes de ser assassinado pela repressão, é a de um homem em perfeitas condições de saúde.

O que também não constitui nenhuma novidade: o general Adyr Fiúza de Castro já havia reconhecido que Nin Ferreira, "quando foi entregue ao Exército, estava com umas marcas, havia sido chicoteado com fio no DOPS".

Ou seja, o bravo militar admitiu que a causa da morte foram as torturas, mas tentou jogar a culpa para o vizinho; quem detonou Nin Ferreira, na verdade, foi o DOI-Codi.
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VEJA AQUI DOS VÍDEOS RARÍSSIMOS DE VANDRÉ NO EXÍLIO
ARTIGO IMPERDÍVEL DO STÉDILE SOBRE O GOLPE PARAGUAIO


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COERÊNCIA GANHA ELEIÇÃO?
EU, CELSO L., EX-RESISTENTE, TORTURADO E... VEREADOR?!

16.7.12

EU, CELSO L., 61 ANOS, EX-RESISTENTE, TORTURADO E...VEREADOR?!

Sou o candidato a vereador nº 50005 da cidade de São Paulo, pelo Partido Socialismo e Liberdade.

Os que acompanham minha trajetória, provavelmente estranharão: por que entrar na política oficial aos 61 anos, depois de uma jornada tão atribulada? Não deveria estar curtindo esta fase tranquila da vida familiar, dedicando-me às filhas e netos?

Parafraseando Brecht: eu não consigo agir assim.

Os objetivos que, aos 16 anos, me motivaram a contestar uma ditadura sanguinária ainda não foram atingidos. Nem considero este Brasil com democracia tão imperfeita e desigualdade tão gritante suficiente para justificar a perda de 20 companheiros estimados e os terríveis sofrimentos impostos a tantos outros.

Como sobrevivente de uma luta que tragou alguns dos melhores cidadãos que este país já produziu, assumi o compromisso de dedicar o resto dos meus anos aos ideais pelos quais eles se sacrificaram.

Foi assim que em 1986, mesmo sem as facilidades da internet, consegui, com um golpe de sorte, evitar que a greve de fome dos quatro de Salvador  terminasse em tragédia.

E o advento da web facilitou em muito as cruzadas em defesa dos direitos humanos, como a vitória épica que ajudei a conquistarmos no Caso Battisti, contra a perseguição inquisitorial e as pressões arrogantes de um país do 1º mundo, apoiado pelo que havia de pior na Justiça, na imprensa e na política brasileiras.

Mas, a influência das redes sociais não é ilimitada e, em várias outras lutas, tenho me chocado com o boicote da grande imprensa que, além de me negar o direito de exercer a minha profissão de jornalista,  esconde-me  como personagem histórico e participante de embates políticos marcantes. Nem o direito de resposta e de apresentar o outro lado ela me concede, mesmo quando tal direito é incontestável à luz das boas práticas jornalísticas e não há ninguém para o exercer além de mim.

Não nego: é terrível a sensação de impotência que sinto por não estarmos conseguindo obter a responsabilização dos culpados pela barbárie no Pinheirinho nem o levantamento imediato da ocupação militar da USP, dentre outros episódios inadmissíveis numa verdadeira democracia.

Os balões de ensaio para testar a resistência dos brasileiros a uma recaída totalitária não estão tendo resposta à altura; daí minha ansiedade em buscar maior amplitude de atuação. E, como este novo macartismo vigente no Brasil tenta me transformar num fantasma virtual, quero mais é mostrar ao sistema que estou bem vivo, firme e forte.

Se não me mataram nos porões nem conseguiram me destruir com a estigmatização por eles ensejada, tampouco me farão recuar com ameaças, pressões nem manipulações midiáticas.

Foi um motivo a mais para eu ter aceitado de pronto o convite do professor Carlos Giannazi, no sentido de somar forças com ele na campanha municipal de 2012.

Ou outros são a concordância básica que temos na maioria dos assuntos e o fato de vê-lo como o único candidato da esquerda anticapitalista com reais chances de derrotar a direita e os reformistas na cidade mais importante do País.

Tenho razões para crer que o PSOL não só tende a adquirir a influência que o PT adquiriu, como pode obtê-la sem abandonar suas principais bandeiras pelo caminho.

Até porque o mundo começa a ser varrido por uma nova onda revolucionária, potencializada pela depressão que o capitalismo está engendrando; e, neste novo cenário, o PSOL tem-se alinhado decididamente com a contestação nas ruas (o que é um antídoto ao deslumbramento com os gabinetes do poder...).

Não há nenhum fatalismo histórico a tanger os partidos de esquerda ao comprometimento com o status quo como condição indispensável para crescerem; a decisão que o PT tomou há uma década, de negociar com banqueiros e grandes capitalistas a  permissão  para chegar ao poder e as concessões que teria de fazer em troca, não foi imposta pelos deuses, foi decidida por homens.

Agora, é imperativo provarmos ao cidadão comum que a esquerda pode decidir noutro sentido, mantendo a fidelidade a seus grandes ideais em quaisquer circunstâncias; até porque disto depende o ressurgimento da esperança na política. A minha parte eu farei.

Também quero ajudar a manter vivos alguns valores dos revolucionários da década de 1960, como o de que os vários agrupamentos da esquerda anticapitalista devem ver a si próprios como integrantes de um  campo, parceiros e aliados no bom combate, e não como adversários na disputa por migalhas de poder numa sociedade desumana.

O de que mandatos legislativos e posições no Executivo só se justificam no nosso caso quando colocados a serviço dos explorados e injustiçados, e se nos permitirem acumular forças para a mudança maior da sociedade. São meios, nunca fins em si. Nosso objetivo não é ganharmos a eleição seguinte, é prepararmos o terreno para o  reino da liberdade, para além da necessidade.

O de que honestidade pessoal e coerência para nós não são méritos, apenas obrigação.

E o de que temos de honrar os mandatos, pois nossos ideais serão julgados pelo desempenho visível. Vereador ou presidente da República, cabe-nos dar o exemplo de como age um militante de esquerda, tanto em termos de probidade, quanto de competência e coragem.

A partir daqui os meus textos referentes à campanha separam-se das comunicações costumeiras, a menos que os donos de cada espaço os autorizarem. Peço a todos que passem a acompanhá-los no blogue Diário de Campanha do Lungaretti, cujo endereço é este aqui: http://quero50005.blogspot.com.br/

E que, concordando com minhas propostas e conteúdos, ajudem-me a torná-los conhecidas no Facebook, no Orkut e no twitter, bem como seguindo e divulgando o novo blogue –no qual tentarei oferecer um enfoque bem diferente de uma campanha eleitoral, mais reflexivo, jornalístico e literário–, até porque é isto que os leitores habituais esperam de mim. Sempre considerarei mais importante propagar os nossos ideais do que convencer alguém a votar em mim. Manterei esta linha.

De resto, inexperiente, sem mobilização na base e sem recursos, só terei sucesso se os internautas alavancarem a minha campanha, que vai ser bem do tipo  tostão contra milhão. [Se receber doações, produzirei folhetos caseiros e vou distribui-los pessoalmente; quem quiser me dar uma força, por favor, escreva p/ lungaretti@gmail.com.]

E peço antecipadamente desculpas pelos textos mais ligeiros que produzirei, até o 7 de outubro, para os outros espaços e tribunas. De qualquer forma, o compromisso há muito assumido de colocar todo dia algo novo no blogue Náufrago da Utopia será respeitado.

A sorte está lançada.


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VIVA E DEIXE VIVER

COMPARTILHAMENTO VIRTUAL É O SOCIALISMO EM MINIATURA

12.7.12

UM INOCENTE EXECUTADO NA 'TERRA DOS LIVRES E LAR DOS VALENTES': JOE HILL

"oh, diga, a bandeira estrelada ainda tremula 
sobre a terra dos livres e lar dos valentes?"
(trecho do hino nacional dos EUA)

Anotem a data: 19 de novembro de 2015. Temos um mártir a reverenciar neste dia.

É quando transcorrerá o centenário da morte de Joe Hill, outro esquerdista que, a exemplo de Sacco e Vanzetti, os EUA executaram por causa dos seus ideais, utilizando como pretexto um crime comum do qual foi falsamente acusado. 

Seu nome era Joel Emmanuel Hägglund. Filho de um ferroviário, nasceu na província sueca de Gästrikland, em outubro de 1879. Com queda para a música, aprendeu cedo a tocar órgão, piano, acordeão, banjo, guitarra e violino. Depois da morte dos pais, foi em 1902 tentar a sorte nos EUA, onde adotou o nome de Joseph Hillström.

Eis um bom relato do que lhe aconteceria na  terra dos livres e lar dos valentes, assinado por Fernando J. Almeida (cujo único senão foi não ter deixado mais claro quais trechos do artigo são de sua autoria e quais foram extraídos da trilogia USA, de John dos Passos): 
"Um jovem sueco chamado Hillstrom meteu-se ao mar, calejou as mãos em veleiros e velhos cargueiros vagabundos, aprendeu Inglês no castelo da proa dos vapores que faziam a ligação entre Estocolmo e Hull, e como todos os suecos sonhava com o Oeste. Quando se instalou na América, deram-lhe um emprego: limpar escarradores num bar de Bowery. Mudou-se para Chicago e trabalhou numa firma de máquinas.
Continuando a sua marcha para o Oeste, alugou os braços aos senhores das colheitas, arrastou-se pelas agências de empregos, pagou muitos dólares de comissão para conseguir trabalho numa empresa qualquer de construção civil, andou muitas milhas quando a comida era demasiado má, o capataz demasiado brutal ou os percevejos demasiado agressivos no barracão.
Participou duma greve, na Califórnia, costumava tocar concertina à porta do barracão, à noite, depois da ceia, tinha um condão peculiar para transformar em rimas os brados de revolta.

As canções de Joe Hill foram cantadas nas cadeias distritais e nas pensões rascas, por desempregados itinerantes, por trabalhadores das jornas. Em todo o lado, onde um proletário se sentisse perseguido, explorado, marginalizado, soava uma canção de Joe Hill.
Em Bingham, Utah, Joe Hill organizou os trabalhadores da Utah Construction Company num único grande sindicato, conseguiu-lhes salários mais elevados, menos horas de trabalho, melhor comida.

Joe Hill vivia no Utah, estado dominado pelo fundamentalismo religioso da seita Mormon. Foi acusado, injustamente, de ter assassinado um merceeiro, de nome Morrison. A sua condenação à morte provocou vastas movimentações.

O cônsul da Suécia e o presidente Wilson tentaram obter um novo julgamento, mas o Supremo Tribunal do Estado de Utah manteve o veredicto. Joe Hill continuou a escrever as suas canções, no ano em que permaneceu na cadeia. Em Novembro de 1915, encostaram-no contra a parede da penitenciária de Salt Lake City. 'Não percam tempo chorando minha morte. Organizem-se!' --foram as últimas palavras que enviou para os seus camaradas. Joe Hill aprumou-se diante da parede do pátio da penitenciária, olhou para os canos das espingardas e deu a voz de fogo".
Em 1980, assisti a um ótimo filme sueco sobre sua saga: O desejo final (d. Bo Widerberg, 1971), que passara nove anos vetado pela censura ditatorial. Eis o que o grande crítico Rubem Biáfora escreveu então:
"O que Sacco e Vanzetti foi para o cinema italiano, este Joe Hill é para o sueco: o libelo contra o injustiçamento de um idealista de seu país em meio à engrenagem da Justiça americana. A ação começa com o jovem Joseph Hillstrom (19 anos) e seu irmão aportando em 1910 à nova terra, cheios de esperanças, sujeitando-se a todos os trabalhos inferiores que as sociedades reservam aos imigrantes pobres e que não conhecem seu idioma.
Joe procura amenizar sua vida com a apreciação da música e compondo canções românticas, mas será depois, ao transformar-se em organizador sindical, colhido por obscuras evidências e acabará condenado à morte em circunstâncias nebulosas, que o tornam uma legenda que depois acaba mais ou menos perdida"
Agora o filme, de 112 minutos, está disponibilizado no Youtube, com dublagem em castelhano --clique aqui. Mas, durante esse tempo todo sem o rever, eu nunca esqueci a comovente poesia-testamento que Joe Hill deixou. Trata-se, exatamente, do  desejo final  ao qual se refere o título do filme; e, claro, é aproveitada no seu término.

Graças à busca virtual, acabo finalmente de encontrar uma versão espanhola, que transpus para o português:
"Meu corpo? Ah, se pudesse escolher,
faria com que fosse reduzido a cinzas
e deixaria as alegres brisas soprarem meu pó
até onde existissem algumas flores murchas.

Talvez essas flores murchas então
voltassem à vida, florescendo outra vez.
Este é meu derradeiro e final desejo.
Boa sorte para vocês!"
Também me marcou muito a balada "Joe Hill", composta por Alfred Hayes e Earl Robinson em 1936 e que foi gravada por grandes nomes da música folk; Joan Baez, p. ex., apresentou-a no festival de Woodstock. Belíssima. Neste caso, a tradução está amplamente disponibilizada nos sites de música. Ei-la:
"Sonhei que vi Joe Hill na noite passada, como vejo a você e a mim.
Eu disse: 'Mas Joe, você morreu há dez anos'.
'Eu nunca morri', ele disse.
'Eu nunca morri', ele disse.

'Em Salt Lake, Joe --eu disse a ele, ao pé da minha cama--,
eles enterraram você numa cova'.
E Joe disse, 'mas, eu não morri'.
E Joe disse, 'mas, eu não morri'.

'O chefe dos toneleiros atirou em você, Joe, eles o assassinaram, Joe', eu disse.
'Precisa de muito mais do que armas para matar gente --disse Joe--, eu não morri'

'E lá de pe, firme e forte, com um sorriso no olhar,
Joe disse: 'O que eles nunca puderam matar é meu ideal'.

'Joe Hill não morreu --ele me diz--, Joe Hill nunca morre,
quando os trabalhadores em greve se organizam, Joe Hill está no meio deles'

De San Diego ao Maine, em cada mina, fabrica ou oficina
em que os trabalhadores se preparam para reivindicar seus direitos,
lá você encontrará Joe Hill.

Sonhei que vi Joe Hill na noite passada, como vejo a você e a mim.
Eu disse: 'Mas Joe, você morreu há dez anos'.
'Eu nunca morri', ele disse.
'Eu nunca morri', ele disse".
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GOVERNO DE SP NÃO QUER BICICLETAS ATRAPALHANDO OS VEÍCULOS POLUENTES

TUDO CERTO... MAS NADA EM ORDEM
TUDO CERTO... MAS NADA EM ORDEM - 2

QUANTO O ESTADO DEMOCRÁTICO SE PREOCUPA COM AS VÍTIMAS DA DITADURA?

5.7.12

QUANTO O ESTADO DEMOCRÁTICO SE IMPORTA COM AS VÍTIMAS DA DITADURA?

São muito reconfortantes as manifestações de solidariedade que venho recebendo de diversos companheiros, na forma de encaminhamentos práticos, sugestões, ofertas, disponibilização de espaços para divulgar o meu caso e artigos alusivos, como o escrito pelo combativo Antuérpio Pettersen Filho, que pode ser acessado aqui.

Seria redundante e enfadonho para os leitores colocá-los todos neste blogue, mas um, em especial, vale a pena reproduzir: o do Carlos Lungarzo (foto), professor titular da Unicamp e defensor histórico dos direitos humanos, que tem como título O caso de Celso Lungaretti; e como subtítulo, Quanto o Estado democrático se importa com as vítimas da ditadura?.

Isto porque o Lungarzo relacionou as autoridades às quais podem ser enviadas mensagens e explicou como o fazer. É exatamente o que ficou faltando nos meus dois textos.  Foi uma grande sacada deste ótimo companheiro e amigo que é o Carlos.

Eis o artigo:

Celso Lungaretti é bem conhecido pela comunidade progressista brasileira. Entretanto, desejo acrescentar algumas observações que podem não ser evidentes para todos. Desde há muito tempo, ele é comunicador profissional, militante cultural, editor do blog Náufrago da Utopia, defensor dos direitos humanos, e um esquerdista independente, que deseja que o termo “esquerda” possa aplicar-se novamente aos valores da liberdade, igualdade, solidariedade e socialismo, tal como estava no espírito dos que cunharam esta expressão em dois séculos de luta.

Como toda pessoa independente, Celso foi muitas vezes mal interpretado (seja voluntariamente ou não), por setores que combinam o prestígio que outrora a palavra “esquerda” conferiu a ativistas que se destacavam por sua coragem e entrega social, com uma posição mais confortável ao serviço de poderes diversos, especialmente populistas.

Sobrepondo-se às intrigas e calúnias, Lungaretti realiza uma vasta tarefa de esclarecimento, como a publicação de um livro autobiográfico (Náufrago da Utopia, Geração Editorial, SP) sobre a experiência na luta armada.

Empreende também amplas e profundas campanhas humanitárias, sociológicas, políticas, mas também culturais (incluindo em cultura tanto os padrões clássicos, como o cinema, o entretenimento e o esporte), e seu blog é hoje lido por muitas pessoas.

Celso foi altamente operacional na defesa de Cesare Battisti, constituindo-se no autor que escreveu o maior número de matérias sobre o caso. A ele devo a oportunidade de complementar meu ativismo nesse caso com uma brilhante parceria que muito me honra.

Com menos de 20 anos, ele entrou na luta armada, que na época era uma opção, eventualmente inadequada porém sincera, para lutar contra a primeira grande ditadura do Continente, que tinha fechado todas as saídas para uma solução não apenas democrática, mas até para a esperança de um país minimamente civilizado. 

Para os que não viveram ou não lembram os anos 70, vale dizer que a ditadura brasileira não só impôs a violência, a miséria e o embargo de direitos do povo brasileiro, mas estimulou, treinou em práticas de tortura e financiou as ditaduras de Paraguai, Uruguai, Bolívia e Chile. Além disso, cooperou com a pior de todas, a Argentina, através da Operação Condor.

Preso em plena juventude, Lungaretti amargou um ano de prisão, onde sofreu tormentos que militares e policiais aplicavam a seus opositores, dos quais guarda ainda handicaps físicos.

Cronologia

Em julho de 2005, Lungaretti recebeu formalmente a Anistia garantida pela União às vítimas da ditadura, e a portaria onde está registrado o fato foi assinada pelo Ministro da Justiça em outubro.

Em janeiro de 2006 começou o pagamento da sua pensão vitalícia baseada em sua condição de ex-detento que fora alvo de tormentos em custódia, com o resultado de ter sofrido lesões permanentes.

Ao receber o primeiro pagamento, já Lungaretti tinha passado por dois anos de desemprego, e acumulava grandes dívidas. Ele possui muitos dependentes, e a possibilidade de todos eles sobreviverem nesse lapso foi o endividamento.

Na decisão de pagamento de pensão, a União decidiu também que Celso deveria receber a indenização retroativa prevista em lei, mas, até 2007, o pagamento efetivo dessa indenização não tinha sido definido pela União.

Em 08/02/2007, Lungaretti entrou com mandado de segurança para obter o recebimento.

Pouco depois, a União anunciou um plano para pagamento parcelado do retroativo, mas o processo de Lungaretti já tramitava na justiça.

Naquele momento, seu processo estava na Primeira Seção do Superior Tribunal de Justiça (STJ), sob o número 0022638-94-2007.3.00.0000

Só em 23/02/2011 veio a ser julgado o mérito de mandado de segurança impetrado.

Ele foi aprovado por nove votos contra zero.

Após esta vitória do requerente, a União entrou com o que se chama embargo de declaração. A definição jurídica desta figura é muito complicada, mas seu conceito é muito simples: é um pedido de esclarecimento sobre aspectos da decisão judicial que uma das partes considera obscuro.

Os embargos de declaração são usados muitas vezes (a maior parte) para fazer demorar um processo, enfraquecer a aplicação da sentença, criar na outra parte um pouco de desânimo (“Se tivermos que pagar, que sofram um pouco!”).

Logo, houve troca de ministros na 1ª seção do STJ.

O processo só passou à alçada do novo titular em 01/07/2011

Então, desde há mais de um ano, o processo não se movimentou nem um milímetro. Não houve nenhuma explicação sobre esta protelação.

Devem ser feitas gestões em várias vias:
  • Junto ao STJ, para que se prossigam os trâmites interrompidos nessa data;
  • junto à Advocacia Geral da União, para que tenha a gentileza de não continuar colocando empecilhos artificias. A sentença é firme e, portanto, mais cedo ou mais tarde, o Estado deverá pagar. Com estas manobras hostis, o único que o Estado consegue é aumentar o sofrimento de Lungaretti e das outras pessoas (mãe, esposa e filhas pequenas), que dependem deste dinheiro para viver.
Apesar da paciência de Lungaretti, a situação chegou a um desespero, porque ele foi também, como todos os setores populares do país, atingido pela especulação imobiliária.

Com efeito, ele não conseguiu renovação de seu aluguel, porque seu senhorio quer dispor do apartamento (alugar, vender ou sei lá o que) aproveitando o exponencial aumento especulativo da propriedade paulista.

Em algum momento não muito longínquo, toda essa família pode ser despejada. Ninguém pode dizer hoje que os despejos no estado de São Paulo não são trágicos em geral.

Ações solicitadas

Neste momento, o senador Eduardo Suplicy está se incumbindo do problema, em harmonia com sua tradição pessoal de extrema solidariedade em assuntos humanitários. No entanto, sua gestão deve ser apoiada pelo maior número de pessoas, tendo em conta as numerosas cargas que possuem os parlamentares.

Pedimos enviar mensagens e/ou cartas respeitosas aos seguintes organismos do poder público:

Exmo. Sr. Presidente do STJ
SAFS – Quadra 06 – Lote 01 – Trecho III
CEP 70095-900 | Brasília/DF
Telefone: (61) 3319-8000
Fax: (61) 3319-8700
presidencia@stj.jus.br

O objetivo desta mensagem deve ser:

Pedir ao Exmo. Sr. Presidente que o STJ dê continuidade ao processo, tendo em conta a situação do Sr. Lungaretti.

*******************

Exmo. Sr. Advogado Geral da União
Luís Inácio Lucena Adams
Advocacia Geral da União
Setor de Indústrias Gráficas (SIG),
Quadra 06, Lote 800. CEP 70610-460 - Brasília-DF
@Formulário eletrônico em:
www.agu.gov.br/sistemas/site/PaginasInternas/Institucional/faleConosco.aspx

O objetivo é solicitar gentilmente à AGU sua aceitação da decisão unânime do STJ, já que os recursos que se estão impetrando por rotina só produzem prejuízos ao anistiado e sua família.

*******************

Exma. Sra. Ministra de Estado do Planejamento, Orçamento e Gestão
Miriam Belchior
Explanada dos Ministérios
Brasília, DF
@ Formulário eletrônico em
http://www.planejamento.gov.br/fale_conosco.asp

O objetivo é solicitar à Sra. Ministra a execução mais rápida possível da sentença, tendo em conta a situação do anistiado, pois o pagamento depende de uma portaria do ministério.

*******************

Os seguintes são os dados para identificar o processo

PROCESSO MS 12614
UF: DF  Registro: 2007/0022638-1
Número Único:  0022638-94-2007.3.00.0000
Mandado de Segurança    VOLUMES: 1      APENSOS: 0
Autuação :    08/02/2007
impetrante :  CELSO LUNGARETTI
impetrado  :   MINISTRO DE ESTADO DO PLANEJAMENTO ORÇAMENTO E GESTÃO
RELATOR(A) :   Min. NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO – Primeira Seção
Assunto  :  DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Garantias Constitucionais - Anistia Política
LOCALIZAÇÃO:  Entrada em GABINETE DO MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO em 01/07/2011
TIPO:       Processo Físico
01/07/2011 - 15:41 -  CONCLUSÃO AO(À) MINISTRO(A) RELATOR(A) - PELA SJD
01/07/2011 - 11:00  -  PROCESSO ATRIBUÍDO EM 01/07/2011 - MINISTRO NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO - PRIMEIRA SEÇÃO

O GOLPE PARAGUAIO E A VOZ DO OPUS DEI

"Tanto foi tranquilo o processo de afastamento no Paraguai que não existiram manifestações de expressão em defesa do ex-presidente. As Forças Armadas nem precisaram enviar contingentes à rua...

Processo digno das grandes democracias parlamentares. Mas difícil de ser compreendido pelo histriônico presidente venezuelano, (...) pela aprendiz de totalitarismo que é a presidente argentina (...) ou pelos dois semiditadores da Bolívia e do Equador.

O curioso foi o apoio da presidente Dilma a essa 'rebelião de aspirantes a ditadores'... "

Quem escreveu as besteiras acima e as fez publicar no jornal da  ditabranda  foi o principal porta-voz do Opus Dei na mídia brasileira, Ives Gandra Martins (que, apropriadamente, está na foto da direita, acima).

O "processo digno das grandes democracias parlamentares" a que ele se refere é, pasmem!, o  impeachment relâmpago  de Fernando Lugo, na verdade um acinte e uma vergonha para a democracia.

O ato falho que ele cometeu foi salientar que "as Forças Armadas nem precisaram enviar contingentes à rua", num reconhecimento implícito de que esta providência fazia parte do esquema golpista articulado desde 2009, assim como os US marines teriam desambarcado no Brasil caso a quartelada de 1964 encontrasse resistência significativa.

Por último, sendo o Opus Dei o que é, Ives Gandra nos deu a conhecer, simplesmente, a relação atualizada dos presidentes ameaçados de sofrerem os próximos golpes parlamentares, depois do êxito das empreitadas hondurenha e paraguaia. Eia a ordem de prioridade dos eternos conspiradores:
  1. Hugo Chávez
  2. Cristina Kirchner
  3. Evo Morales
  4. Rafael Correa
  5. Dilma Rousseff
Que os cinco se considerem alertados e tomem as devidas cautelas. Quem dorme de touca acaba sendo colocado em avião de pijamas.

E que nossa Dilma reflita sobre se valeu a pena reagir de forma tão débil à deposição de Lugo, descartando o embargo econômico que seria a única medida democraticamente aceitável (já que utilizada com total impunidade há meio século pelos EUA contra Cuba...) para quebrar a espinha dos golpistas.

Preferiu aproveitar a confusão para incluir a Venezuela no Mercosul.

De que adiantará, se Chávez for derrubado, como o foram Zelaya e Lugo?

Ovos de serpente devem ser esmagados antes de eclodirem. Dois ofídios já estão firmes e fortes. Quantos mais consentiremos?

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O QUE FAZER?

4.7.12

O QUE FAZER?

Como companheiros responderam ao meu apelo desta 3ª feira, 3 (ver aqui) oferecendo algumas formas de ajuda, o que muito me sensibilizou, esclareço que:
  1. o que mais busco, neste instante, é a mobilização de apoios, no sentido de que entidades/pessoas influentes em Brasília façam ver ao STJ que mandado de segurança sem desfecho há 5,5 anos é um acinte e uma aberração, e à União que processos definitivamente perdidos devem ser pagos, pois as medidas protelatórias (como o embargo de declaração em questão) são inócuas para ela em médio e longo prazo, além de muito cruéis para mim e meus dependentes;
  2. notícias na grande imprensa provavelmente ajudariam a agilizar a solução;
  3. divulgação nas redes sociais, idem, pois contribui para atingirem-se os objetivos acima; 
  4. com um pouco de boa vontade isto poderá ser resolvido antes da conclusão da ação de despejo, permitindo-me negociar um prazo para desocupação, enquanto estivesse mudando para o novo lar;
  5. não faria sentido aceitar neste instante ajuda financeira de companheiros que passam por dificuldades semelhantes às minhas, isto pode ficar para uma etapa seguinte que, espero, nunca chegue.
Minha gratidão e meu abraço aos solidários!

3.7.12

APELO À SOLIDARIEDADE DOS COMPANHEIROS E DOS JUSTOS

Infelizmente, depois de evitar enquanto pude esta medida extrema, vejo-me obrigado a pedir a ajuda dos solidários para lidar com uma situação que está acima de minhas forças.

De um lado, sou vítima da iniquidade da Lei do Inquilinato, cujo viés atual é totalmente favorável aos locadores, em perfeita consonância com a desumanidade capitalista. Uma ação de despejo em curso provavelmente privará do lar a minha pequena família para satisfazer a ganância de rentistas, já que venho pagando religiosamente o aluguel ao longo de seis anos e meio, incluindo a aplicação anual de aumentos baseados nos índices inflacionários. No entanto, tem maior peso jurídico a intenção da proprietária de lucrar com a valorização dos imóveis na minha região do que o direito de um idoso a viver em paz e o de uma criança de quatro anos a continuar no bairro onde nasceu e na escola em que se ambientou tão bem. Coisas do capitalismo.

Mas, não fosse nossa Justiça totalmente kafkiana, há muito eu possuiria a minha morada. Em 08/02/2007, como ainda não houvesse nenhuma previsão de pagamento da indenização retroativa que me foi concedida pela União, entrei com um mandado de segurança, pois necessitava muito daquele montante para pagar dívidas e reconstruir minha vida. O julgamento do mérito da questão ocorreu somente quatro anos depois, em 23/02/2011; 9x0 em meu favor. No entanto, acaba de se completar um ano que o processo se encontra parado, sem movimentação nenhuma, quando falta apenas o ministro rechaçar uma óbvia manobra protelatória e ordenar o "cumpra-se". [Para quem quiser conferir, ele tramita na 1ª seção do STJ, sob nº 0022638-94-2007.3.00.0000.]

Assim, estou sendo privado dos recursos que me fazem falta imensa, obrigando-me a contrair empréstimos e mais empréstimos na Caixa Econômica Federal, embora se refiram a direitos atingidos no primeiro semestre de 1970 (há 42 anos, portanto!!!), embora seja totalmente aberrante um mandado de segurança não ter solução depois de cinco anos e meio, embora seja mais aberrante ainda uma sentença unânime, verdadeira goleada jurídica, não haver sido cumprida após um ano e meio.

Por último, a perspectiva de sair de meus apuros financeiros por meio do trabalho remunerado praticamente inexiste, já que a grande imprensa decretou a minha morte profissional (como a de vários outros articulistas inconformados com as injustiças sociais). Nem como personagem histórico ela me dá voz, além de desconsiderar sistematicamente meus direitos de resposta e de apresentar o outro lado, mesmo nos assuntos em que tais direitos são incontestáveis à luz das boas práticas jornalísticas.

De tudo isso, o mais inaceitável, para mim, é não receber a quantia que há tanto tempo me pertence e permitiria que eu resolvesse sozinho todos os outros problemas, trazendo-me tranquilidade e permitindo-me desfrutar plenamente um momento familiar feliz, após uma vida das mais tumultuadas.

Não possuo elementos para relacionar a atual letargia judicial aos trâmites bizarros que meus assuntos tiveram no passado, junto a algumas burocracias do Estado. No entanto, sendo personagem polêmico e detestado pelos círculos direitistas, nunca pode ser desconsiderada tal hipótese.

O certo é que pressões de nenhum tipo me tirarão do rumo atual. É mais do que definitiva a decisão de dedicar os anos que me restam a tentar legar uma sociedade mais justa e igualitária às minhas filhas, netos e a todos os que virão depois de mim. Fiz minha opção quando comecei a percorrer os caminhos das lutas sociais, em 1967. Tudo por que passei desde então só veio reforçar minha convicção de que o capitalismo desgraça a humanidade e tem de ceder lugar a uma organização da sociedade que priorize a cooperação dos seres humanos para o bem comum.

Quem puder/quiser me ajudar a encontrar uma luz no fim do túnel, por favor, contate-me pelo e-mail lungaretti@gmail.com.

2.7.12

OS GUARDIÃES DA MENTIRA DEIXARAM BEM POUCO PARA A COMISSÃO DA VERDADE

Quando se aproximava o fim da ditadura, os criminosos fardados agiram como quaisquer outros criminosos: eliminaram as provas dos seus crimes.

Mas,  caxias  como eles só, fizeram a besteira de relacionar os documentos, à medida que os iam incinerando.

Ainda não sabiam que isto deve ser feito na calada da noite, sem testemunhas nem registros, para não acabar virando reportagem do Fantástico --como aconteceu  no final de 2004, quando foi escancarada uma queima de arquivos na base aérea de Salvador...

Seu  know-how, aliás, continua meio amadoresco. No começo do mês passado, quando montaram um  mutirão de reclassificação de documentos secretos,  não escolheram subalternos 100% confiáveis: um deles  deu o serviço  para a imprensa. Se aqui não fosse o país dos  panos quentes, estariam presos por sabotarem descaradamente a Lei de Acesso à Informação, desacatando a comandante suprema das Forças Armadas (a presidente Dilma Rousseff) e o ministro da Defesa (Celso Amorim), além de transformarem em motivo de galhofa as leis aprovadas pelo Congresso.

Enfim, é devido à falta de know-how dos  incendiários acidentais que podemos agora dimensionar a obra desses piromaníacos da caserna: no segundo semestre de 1981, quando o ditador da vez era João Baptista Figueiredo, foram reduzidos a cinzas aproximadamente 19,4 mil documentos secretos produzidos após o nefando 1º de abril de 1964. 

Sobre o teor de cada um deles resta apenas um resumo de uma ou duas linhas, em 40 relatórios encadernados aos quais a Folha de S. Paulo teve acesso --o suficiente, contudo, para dar uma boa idéia do que se tentou esconder dos brasileiros.

Segundo a reportagem publicada nesta 2ª feira (2) pelo jornal da ditabranda, "boa parte dos documentos eliminados trata de pessoas mortas até 1981". 

Havia também "relatórios sobre personalidades famosas, como o ex-governador do Rio Leonel Brizola (1922-2004), o arcebispo católico dom Helder Câmara (1909-1999), o poeta e compositor Vinicius de Moraes (1913-1980) e o poeta João Cabral de Melo Neto (1920-1999)", levantamento das "contas bancárias no exterior" do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros, investigação sobre a "infiltração de subversivos no Banco do Brasil", etc.

Verifica-se, ainda, que o tão criticado acobertamento de delitos cometidos por  protegidos da corte  também vicejava no regime militar: nunca foi levado à Justiça, como deveria ter sido, o personagem de que tratou o relatório intitulado "Tráfico de Influência de Parente do Presidente da República". Enquanto Emílio Garrastazu Médici autorizava carnificinas e ia fingir de torcedor do  Mengo  no Maracanã, a família faturava algum por fora...

Um dos mandantes dos piromaníacos, o general Newton Cruz, sai pela tangente de sempre, ao afirmar ter "cumprido a lei da época". Da mesma forma, os que executaram prisioneiros indefesos e deram sumiço nos seus restos mortais utilizam uma lei da época, a anistia de 1979, para escaparem até hoje da responsabilização por seus atos.
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