Ainda mais depois de ter sido informado, pelo ótimo Rui Martins, que a bizarra prisão foi autorizada pela ministra da Justiça suíça, por coincidência pertencente a um partido de extrema-direita; que o suposto crime, para a maioria dos juristas, já prescreveu; e que a suposta vítima, já quarentona, retirou há alguns anos as acusações lançadas por sua família contra Polanski.
Pior ainda é o que se lê neste parágrafo do artigo semanal do Rui no Direto da Redação, Polanski e a submissão suíça:
Penso na vida de Polanski, tão sofrida.
Ter passado a meninice fugindo e escondendo-se dos nazistas, enquanto a mãe morria num campo de concentração.
Haver sido privado, pelos psicopatas da Família Manson, não só da companheira com a qual formava um casal perfeito, Sharon Tate, como também da criança que ela gerava.
Sofrer campanhas difamatórias dos jecas e fanáticos religiosos em razão do seu O Bebê de Rosemary parecer celebrar o advento do reino de Satã (o que nunca foi sua intenção, nem a de Ira Levin, autor do livro que deu origem ao filme, A Semente do Diabo).
Ser obrigado a deixar para sempre os EUA, estigmatizado por uma acusação preconceituosa.
Daí minha admiração por ele ter sempre conseguido dar a volta por cima, assimilando e transcendendo os golpes do destino.
Sua resposta foi proporcionar a todos nós, generosamente, horas inesquecíveis de diversão e reflexão.
É um dos principais cineastas da melhor década do cinema mundial, a de 1960. Foi quando realizou os primorosos A Faca na Água, Repulsa ao Sexo e Armadilha do Destino, além do clássico de terror O Bebê de Rosemary e da comédia de terror A Dança dos Vampiros.
Continuou, como diretor, alternando filmes mais densos e/ou sombrios (MacBeth, Quê?, Chinatown, O Inquilino, Lua de Fel, A Morte e a Donzela, O Último Portal, O Pianista) com entretenimento de qualidade (Tess, Piratas, Oliver Twist).
Além de registrar desempenhos marcantes como ator, não só nos próprios filmes, como em Uma Simples Formalidade (de Giuseppe Tornatore, sua melhor atuação) e A Vingança (de Andrzej Wajda).
Que benefício à sociedade trará seu encarceramento? Por que infligir tal penar a um homem flagrantemente inofensivo, que, ademais, permanece produtivo e criativo aos 76 anos?
Tentando compreender o que leva esses liliputianos dos podres poderes a perseguirem de forma tão encarniçada os homens que lhes são imensamente superiores em tudo e por tudo, como Roman Polanski e Cesare Battisti, vêm-me à mente os versos de Geraldo Vandré em sua igualmente sofrida Canção da Despedida: "Um rei mal coroado/ Não queria/ O amor em seu reinado/ Pois sabia/ Não ia ser amado".
"...Roman Polanski tem um chalé em Gstaad há muitos anos e nunca foi incomodado. Sua prisão ocorre alguns dias depois da assinatura de uma convenção bilateral suíço-americana, na qual a Suíça para salvar seu banco UBS fraudulento decidiu, é o que deduz, se submeter a tudo, inclusive a fazer o papel mercenário da busca de pessoas procuradas por delitos mesmo prescritos nos EUA".É tudo muito sórdido! Faz lembrar as perseguições macartistas, o despeito/rancor mal dissimulado contra os seres humanos mais idealistas e talentosos.
Penso na vida de Polanski, tão sofrida.
Ter passado a meninice fugindo e escondendo-se dos nazistas, enquanto a mãe morria num campo de concentração.
Haver sido privado, pelos psicopatas da Família Manson, não só da companheira com a qual formava um casal perfeito, Sharon Tate, como também da criança que ela gerava.
Sofrer campanhas difamatórias dos jecas e fanáticos religiosos em razão do seu O Bebê de Rosemary parecer celebrar o advento do reino de Satã (o que nunca foi sua intenção, nem a de Ira Levin, autor do livro que deu origem ao filme, A Semente do Diabo).
Ser obrigado a deixar para sempre os EUA, estigmatizado por uma acusação preconceituosa.
Daí minha admiração por ele ter sempre conseguido dar a volta por cima, assimilando e transcendendo os golpes do destino.
Sua resposta foi proporcionar a todos nós, generosamente, horas inesquecíveis de diversão e reflexão.
É um dos principais cineastas da melhor década do cinema mundial, a de 1960. Foi quando realizou os primorosos A Faca na Água, Repulsa ao Sexo e Armadilha do Destino, além do clássico de terror O Bebê de Rosemary e da comédia de terror A Dança dos Vampiros.
Continuou, como diretor, alternando filmes mais densos e/ou sombrios (MacBeth, Quê?, Chinatown, O Inquilino, Lua de Fel, A Morte e a Donzela, O Último Portal, O Pianista) com entretenimento de qualidade (Tess, Piratas, Oliver Twist).
Além de registrar desempenhos marcantes como ator, não só nos próprios filmes, como em Uma Simples Formalidade (de Giuseppe Tornatore, sua melhor atuação) e A Vingança (de Andrzej Wajda).
Que benefício à sociedade trará seu encarceramento? Por que infligir tal penar a um homem flagrantemente inofensivo, que, ademais, permanece produtivo e criativo aos 76 anos?
Tentando compreender o que leva esses liliputianos dos podres poderes a perseguirem de forma tão encarniçada os homens que lhes são imensamente superiores em tudo e por tudo, como Roman Polanski e Cesare Battisti, vêm-me à mente os versos de Geraldo Vandré em sua igualmente sofrida Canção da Despedida: "Um rei mal coroado/ Não queria/ O amor em seu reinado/ Pois sabia/ Não ia ser amado".
2 comentários:
Acho perigoso a defesa de um fugitivo acusado de ser estrupador, principalmente quando soubemos que isto é fato comum na indústria do cinema americano. Não acuso, pois não tenho dados. Nem sei porque ele fugiu dos EUA. Lá, como aqui, rico não acaba na cadeia. E também como se sentem os parentes da menina, que atualmente já tem mais de quarenta anos.
É covardia e má fé os jornais falarem que o Polanski foi acusado de estupro, mas não esclarecerem que a lei estadunidense é extremamente moralista.
O que para eles é estupro, para nós não é. Associamos o termo a coerção, violência. Eles tratam também como estupro a indução ao ato sexual.
Ninguém atribuiu violência nenhuma a Polanski. E simplesmente não há como provar que ela tenha sequer ingerido drogas ou álcool. Isto era apenas o que diziam os pais.
Até prova em contrário (não havia nenhuma verdadeira e não é agora que surgirá alguma), acredito que as relações tenham sido consentidas; e suspeito de uma trama para extorquir Polanski, nos mesmos moldes da extorsão praticada contra Mike Tyson, com a cumplicidade da ridícula Justiça dos EUA.
Por último: a suposta vítima hoje nega a acusação.
Abs.
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