A notícia de que o escritório de advocacia de José Antonio Dias Tóffoli já tinha sido condenado por irregularidades na prestação de serviços legais ao governo do Amapá foi publicada simultaneamente por jornalões como a Folha de S. Paulo, O Estado de S. Paulo e O Globo, e grandes revistas como a Veja e a Época.
Como jornalista veterano que sou, com longa atuação tanto nas redações como em assessoria de imprensa, não tenho dúvidas quanto ao que ocorreu: uma mão misteriosa fez chegar tal informação aos principais veículos da imprensa brasileira, mas impôs um embargo de publicação até sábado (19/09).
É uma prática muito adotada nos casos em que um assessor de imprensa tem uma informação quente para passar, mas quer extrair dela o máximo proveito. Embarga-a até uma data estratégica, quando todos os veículos a divulgam simultaneamente, para que nenhum deles seja furado pelo outro.
E por que sábado? Simples: porque é o dia em que vão para as bancas as revistas de maior circulação.
Então, o municiador oculto exigiu que os jornais esperassem tal dia para soltar suas matérias. E as revistas deram espaço mais generoso para esta notícia do que dariam se a estivessem soltando a reboque dos jornais.
Como se nota, principalmente, na Veja, a matéria foi trabalhada com muito empenho. Leva alguns dias para se produzir algo assim.
Então, é de supor-se que a plantação desta notícia desfavorável a Tóffoli ocorreu bem antes da 5ª feira (17/09), quando o presidente Lula assinou sua mensagem indicando-o para o STF.
Digamos, na 2ª feira (14/09), quando Tóffoli já era tido como o preferido do Planalto, foram feitos os contatos.
Os veículos receberam a informação, com um bom prazo para produzirem suas respectivas matérias, que deveriam ser todas publicadas no sábado, caso Lula formalizasse a indicação de Tóffoli até lá. E o acordo, como se pode constatar, foi respeitado por todas as partes.
Tendo sido Gilmar Mendes quem lançou a palavra de ordem "Toffóli não deve votar no julgamento de Battisti!", isto pode indicar que ele haja participado da tramóia e agora esteja tentando despistar, ao, aparentemente, defender o indicado por Lula.
Ou, apenas, viu aí uma boa oportunidade para alvejar o PT, acusando-o de ter, quando ainda estava na oposição, introduzido a prática de manchar a biografia dos adversários políticos escolhidos para o Supremo.
O certo é que houve uma ação concertada contra o Governo Lula, à qual a mídia deu prestimosa colaboração.
E quem foram os responsáveis pela armação?
Podem ter sido os partidos que querem desalojar o PT do Planalto.
Ou os reacionários mancomunados contra Battisti.
Ou ainda, o que é mais provável, uma ação entre amigos -- até porque esses dois conjuntos se confundem e complementam.
4 comentários:
Caro Celso Lungaretti,
Temos acompanhado os seus artigos pricipalmente no site do Comitê pela Liberdade de Cesare Battisti. Consideramos da mais alta importância para luta libertária trabalhos como o seu. Aqui no Ceará participamos do Movimento pela liberdade de Cesare. É grande o desafio, temos que chegar,com urgência ,nos corações e mentes dos brasileiros para que somem nessa luta.Abraço fratenal.
Cristina,
aproveito para informar que, afora os textos referentes ao Caso Battisti, há outros de assuntos de interesse dos revolucionários, no meu blogue http://naufrago-da-utopia.blogspot.com
Este blogue aqui só traz alguns artigos mais relevantes, 1 ou 2 por semana.
O blogue do Náufrago tem texto novo todo dia.
Abs.
Celso, qual é o teu palpite: o Tóffoli vota ou não vota no caso Battisti?
Arthur,
eu continuo acreditando que o Governo Federal ainda produzirá alguma surpresa nesse caso.
Pode ser o voto do Toffoli, a mudança de voto de algum dos desnorteados que seguiram o "Parecer Torquemada", qualquer coisa assim.
Porque a violência cometida contra a Lei e a jurisprudência, a sucessão de casuísmos flagrantes, a subserviência a um governo caído no ridículo mundial, tudo isso torna impensável a extradição.
Como Lula não quer ficar com o ônus dessa decisão (e ficará se não sair uma decisão menos espúria do STF, pois não há como revogar o direito de primeiros mandatários concederem clemência), então eu presumo que será encontrada uma solução menos aberrante -- e antes de se chegar à última instância.
Meu palpite continua sendo o reconhecimento da verdade óbvia e gritante de que a condenação no julgamento farsesco italiano já prescreveu.
Um forte abraço!
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