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2.9.10

O RECEITAGATE E GREGÓRIO FORTUNATO

A comunicação empresarial é uma atividade que nunca me agradou, mas que fui obrigado a exercer durante muitos anos, por falta de opção melhor.

Tive de ajudar a se lançarem produtos duvidosos, colocar palavras inteligentes na boca de empresários tacanhos e administrar as crises que sua atuação irresponsável lhes acarretava.

Particularmente doloroso foi haver desempenhado papel de destaque na salvação de uma empresa ameaçada por uma onda de desconfiança no mercado (nossa agência ganhou até prêmio internacional por tal  proeza) e, um ano mais tarde, assistir à sua falência fraudulenta, que lesou milhares de investidores.

Acabei contribuindo para que tivesse esse ano de sobrevida, sem imaginar que o resultado concreto dos meus esforços seria dar-lhe condições para depenar mais otários ainda e preparar melhor o  pulo do gato. Ingenuidade mata.

Algo que eu aprendi na administração de crises -- tanto daquelas em que atuei como profissional, como das muitas que permearam minha militância -- é: empresa, partido ou governo que se coloca numa situação vulnerável, deve sair dela imediatamente e com transparência, caso contrário maximizará as perdas.

Eu apostaria que o vazamento de dados sigilosos da Receita Federal acerca de seus adversários políticos não teve a anuência do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, da candidata Dilma Rousseff, de ministro ou personagem do alto escalão.

Mas, aloprados cometeram esse asnático crime e têm de ser punidos. Como dizia o Paulo Francis, quem é burro pede a Deus que o mate e ao diabo que o carregue.

Se cauterizar a ferida o quanto antes, o Governo não sairá incólume, mas vai evitar que supure até a eleição, talvez mudando o resultado que se delineia neste instante, talvez fornecendo pretexto para  viradas de mesa.

Vale lembrar: a lambança de um guarda-costas mais realista do que o rei (Gregório Gortunato, que tentou matar o líder udenista Carlos Lacerda), capitalizada ao máximo pelos eternos  golpistas, quase levou à destituição de Vargas em 1954. Para frustrar-lhes os planos, teve de sacrificar a vida.

Não há solução indolor para o  Receitagate. E, a cada vacilo e negaceio, o custo político aumentará.

Quem avisa, amigo é.

3 comentários:

silber disse...

Meu prezado Celso,
Concordo com voce. Entretanto, devo admitir que em países sérios, sem cultura carnavalesca, em que tudo nada acaba em cerveja e samba, isso já teria levado à queda do primeiro ministro. Nosso TSE é pau-mandado do planalto. Seu mandatário LeWandovski é íntimo do Lula. Os TRE aplicam o ficha-limpa ao Jader barbalho, mas não às sarnas, digo à Sarneyzinha eo Cabralzinho, que por sua vez contola os Sveiter(TJ-RJ). Ou a sociedade dá um basta à esta safadeza, ou que ela conviva com a permissividade reinante

Remindo disse...

No quarto dia das medições do tracking Vox Populi/Band para a eleição presidencial, Dilma Rousseff tem 53% e José Serra 24% das intenções de voto. Em quatro dias a petisca subiu 3 pontos, como ainda faltam 30 dias para o dia da eleição, e seguindo este ritmo candidata do Lula ainda vai crescer mais uns 22 pontos. e de votos válidos, ela já tem mais de 63%. Nem nos sonhos do Lula a vitória seria tão grande.

celsolungaretti disse...

No futebol como na política, sempre detestei o fanatismo cego.

Quando um técnico bota meu time para jogar na base de jogo faltoso, retranca e esperança de marcar um golzinho de bola parada, eu simplesmente me desinteresso. Vitória para mim não significa nada se não é conquistada com consistência.

Idem na política. Não quero ver nem uma vitória do neodireitista Serra, nem o acobertamento dos EVIDENTES CRIMES que os aloprados do depto. de golpes sujos cometeram.

Meu cenário ideal seria o Governo investigar pra valer este episódio e botar seus Gregórios Fortunatos na prisão, antes que causem estrago maior ainda.

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