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30.8.07

O RESCALDO DO MENSALÃO

Celso Lungaretti (*)

Graças ao Supremo Tribunal Federal, o Brasil tem um novo título de campeão moral para exibir, o do combate à corrupção governamental: em decisão exemplar, o STF resolveu tornar réus todos os 40 acusados de responsabilidade ou envolvimento com a organização criminosa desbaratada no escândalo do mensalão.

Mas, como no caso da Seleção Brasileira comandada por Cláudio Coutinho no Mundial de 1978, ficou faltando algo de suma importância. Voltamos da Argentina sem taça para colocar na sala de troféus e saímos do julgamento do ano com 99% de certeza de que o opróbrio será a principal (talvez única) punição dos 40 processados.

Os juristas eminentes são unânimes em descartar a hipótese de que os malfeitores acabem atrás das grades. Prevêem que a complexidade do caso e as manobras protelatórios dos advogados acarretem a prescrição dos crimes ou que, no máximo, os réus sejam condenados à suspensão de direitos políticos.

O que não significa muita coisa, pois salta aos olhos que Zé Dirceu, José Genoíno, João Paulo Cunha, Luiz Gushiken, Delúbio Soares e Sílvio Pereira vagarão doravante como cadáveres políticos insepultos, da mesma forma que Fernando Collor e Paulo Maluf. De um jeito ou de outro, o máximo a que podem aspirar é uma posição confortável como coadjuvantes na cena política.

O que houve no primeiro mandato do presidente Lula foi um conluio entre funcionários governamentais, quadros partidários e empresários privados. Ocorreram o saque dos cofres públicos, o desvio de recursos de estatais, concorrências fraudadas, favorecimentos indevidos, tudo isso para alimentar sabe-se lá que projeto mirabolante do ex-ministro Zé Dirceu.

O fato é que a dinheirama toda acumulada pelo PT com esses expedientes ilegais excedia em muito o necessário para a compra de apoio político no Congresso Nacional. E as investigações nem de longe chegaram ao âmago da questão.

Para a esquerda, fica a lição de que Moral e Revolução (Trotsky) ainda é melhor livro de cabeceira do que O Príncipe (Maquiavel), para quem quer construir uma sociedade mais justa e solidária.

* Celso Lungaretti é jornalista e escritor. Mais artigos em http://celsolungaretti-orebate.blogspot.com/

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