Foi por sua causa que voltei a me filiar a um partido da política oficial, o que não tinha mais intenção de fazer.
Nosso relacionamento data de 2006, mas eu já o respeitava por, quando vereador pelo PT, haver rechaçado o desvio para outras finalidades de verbas que deveriam ser destinadas à Educação.
A então prefeita Marta Suplicy conseguiu que o partido agisse inquisitorialmente contra o rebelde, suspendendo seu mandato e o expulsando.
Porque nunca fui vaquinha de presépio de coletivos que praticam injustiças --tendo preferido permanecer 34 anos como lobo solitário, na berlinda, do que fechar um acordo que me permitiria voltar à esquerda organizada, mas abdicando do direito de contestar uma acusação falsa e gravíssima que pesava sobre mim--, é óbvio que me agradou a postura de Giannazi: entre o partido que esquecia seus valores originais e o eleitorado (professores e estudantes) ao qual ele, Giannazi, fizera solenes promessas, optou pelo segundo.
Daí eu o ter procurado quando tentava viabilizar uma merecida homenagem a meu amigo de infância e companheiro de militância Eremias Delizoicov, executado e desfigurado por 35 disparos da repressão em 1969, aos 18 anos de idade.
A assessoria do Giannazi conseguiu desencavar uma escola que ainda não tinha nome e poderia receber o dele. No entanto, contra a posição do diretor, o estabelecimento escolhido acabou homenageando uma líder comunitária recém falecida, por decisão da Associação de Pais e Mestres. Mas, algum dia ainda conseguirei cumprir a promessa feita aos pais do Eremias; não desisti.
Meu relacionamento com o Giannazi se manteve. Ele costuma ler os artigos que lhe mando e até já fez com que um deles fosse inscrito nas atas da Assembléia Legislativa.
Apoiou minha luta para que o governo estadual fizesse a Rota deletar de sua página virtual os infames elogios ao golpismo e ao terrorismo de estado, tendo exigido formalmente de Geraldo Alckmin a supressão das loas à ditadura militar (ver aqui).
E, a partir de um meu artigo sobre os companheiros martirizados na resistência ao arbítrio, estruturou sua proposta de instituição do Dia dos Mortos e Desaparecidos Políticos em SP, que virou lei há três meses (ver aqui).
Afora isto, quase sempre nos encontramos nas mesmas trincheiras, lutando contra os abusos, a intolerância, a homofobia, o atentado à liberdade de opinião em que se constituiu a proibição da Marcha da Maconha, a invasão e depois a ocupação da USP pelas tropas do arbítrio legalizado (exatamente como ocorria na ditadura), a barbárie no Pinheirinho, etc.
Como no tempo de Allende, a esquerda deve unir suas forças para ter uma chance contra inimigos poderosos |
Já lá se vão uns oito anos que venho defendendo a união dos agrupamentos de esquerda dispostos a criar uma alternativa ao capitalismo, e não apenas a minorar suas mazelas com a adoção de políticas sociais que, embora sendo melhores do que nada, não passam de paliativos.
Na última eleição presidencial, p. ex., defendi insistentemente o voto nos candidatos anticapitalistas no primeiro turno (e, no segundo, o apoio aos reformistas para barrar a candidatura de uma direita em marcha para o neofascismo).
Chegou a hora de passar das palavras aos atos. Vejo Giannazi como o único quadro da esquerda paulistana com suficiente embasamento nos movimentos sociais para se tornar o nome em torno do qual os diversos agrupamentos poderão se unir.
Isto é fundamental, pois salta aos olhos a impossibilidade de, cada um por si, desempenharmos um papel relevante na eleição municipal.
Se conseguirmos formar um bloco de esquerda e as circunstâncias nos favorecerem, talvez possamos desta vez ir além de apenas assistir à disputa entre direitistas e reformistas.
A eleição de Luíza Erundina em 1998 foi uma moeda que caiu em pé. Nada impede que aconteça de novo, ainda mais com o desgaste que a truculência repressiva está acarretando para o tucanato e a falta de apelo popular da candidatura reformista.
Então, vou arregaçar as mangas e lutar para que Giannazi seja confirmado como candidato do PSOL (tudo indica que será) e, mais importante ainda, para que se afirme como o representante consensual da esquerda anticapitalista.
Pois, já que não nos move (pelo menos aos melhores de nós!) a busca de fatias e migalhas de poder dentro do sistema atual, não faz sentido nenhum lutarmos encarniçadamente por elas. Não somos pequenos comerciantes disputando a freguesia do bairro. Somos revolucionários.
Temos mais é de novamente encarar governos e mandatos como peças no tabuleiro da grande mudança que nos propomos a concretizar.
Giannazi e eu acreditamos nisto. Então, faz todo sentido eu somar forças com ele.
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