O salário-mínimo foi instituído em 1940 por Getúlio Vargas para garantir a uma família-padrão de quatro pessoas (o casal e dois filhos) o suficiente para sua subsistência, com alguma sobra.
A Constituição de 1988 reafirmou que o mínimo deve atender às necessidades do trabalhador e sua família com moradia, alimentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higiene, transporte e previdência.
Então, só podemos concluir que, há décadas, os sucessivos governos vêm burlando despudoradamente a Constituição, com a cumplicidade do Legislativo.
Por quê? O Brasil não tem recursos para assegurar uma subsistência digna a cada família de trabalhadores?
Não, os recursos são mais do que suficientes.
Mas, o capitalismo os desvia para outros fins, antagônicos aos da grande maioria dos brasileiros. Embora seja uma categoria moral e não econômica, o adjetivo perverso continua sendo o que melhor o define.
Do governo de um partido dos trabalhadores, tínhamos o direito de esperar que se comportasse como tal, fixando o mínimo num patamar condizente com o papel que deveria cumprir e pondo a nu a contradição fundamental entre o bem comum e o lucro -- primeiro passo para a conscientização das grandes massas.
Só posso deixar registrados minha mais profunda decepção e meu mais veemente protesto face à decisão do Governo Dilma Rousseff de apenas gerenciar o capitalismo, agindo em conformidade com a racionália da classe dominante e esquecendo seu compromisso com a justiça social.
2 comentários:
Uma empresa com 1000 funcionários ganhando 1 salário mínimo.
R$ 510 * 1000 = 510.000 Reais
Do dia para a noite sobe para R$ 2000,00
R$ 2000 * 1000 = 2.000.000 Reais
Você acha que o país se sustentaria por quanto tempo com essa realidade?
Com certeza, corrigindo-se outras distorções e eliminando-se o imenso parasitismo que é a outra face da moeda da exclusão social.
Eu não luto para garantir a sobrevivência predatória das empresas sob o capitalismo, mas sim para assegurar a subsistência digna dos trabalhadores sob uma nova organização econômica, social e política da sociedade.
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