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29.12.09

O CONFRONTO NO IRÃ É ENTRE LIBERDADE E TIRANIA. QUAL APOIAREMOS?

Em 1968 como agora, aqui como no Irã, nosso lado só pode ser o dos que lutam pela liberdade.

O presidente do Parlamento iraniano, Ali Larijani, acaba de pedir pena de morte para os manifestantes que entraram em confronto com as forças de segurança no último domingo (27):
"O Parlamento quer que os serviços secretos e as autoridades judiciais prendam as pessoas que insultam a religião e que imponham a pena máxima, em particular aos que destruíram bens públicos".
Antes mesmo da jornada dominical, quando pelo menos oito manifestantes foram assassinados e pelo menos 300 aprisionados, o aiatolá conservador Ahmed Khatami já exortara a Justiça iraniana a deixar “de dar prova de tolerância aos líderes da conspiração". É um religioso sedento de sangue...

As autoridades confiscaram os cadáveres de cinco das vítimas do domingo sangrento, para evitar que seu enterro desse ensejo a novos protestos.

E há pouco, como noticiei, as Forças Armadas do Irã admitiram que oposicionistas foram mesmo estuprados e espancados até a morte na prisão de Kahrizak, após protestarem contra a eleição fraudada em benefício do presidente Mahmoud Ahmadinejad, no último mês de agosto.

Todo esse quadro me faz lembrar uma velha e pouco conhecida música dos grandes festivais de MPB: Ultimatum, de Marcos e Paulo Sérgio Valle, interpretada por Maria Odete. Principalmente o refrão: “A realidade é a verdade/ e é o que mais custa crer”.

A realidade é exatamente aquela que a imprensa mostra e alguns companheiros tanto relutam em aceitar: Ahmadinejad é um déspota apoiado por aiatolás retrógrados, que tentam, a ferro e fogo, perpetuar o obscurantismo medieval.

O que confunde um pouco as coisas é a posição de Ahmadinejad em relação a Israel.

Mas, se o preço para impedir que o estado judeu continue massacrando os palestinos é consentir que o estado iraniano continue massacrando seu próprio povo, verdadeiros revolucionários não o devem pagar, EM HIPÓTESE NENHUMA!

Há valores maiores em jogo:
  • o alinhamento, EM TODA E QUALQUER CIRCUNSTÂNCIA, dos revolucionários com os que lutam pela liberdade, contra a tirania; e
  • a missão que Marx definiu para os revolucionários, de conduzirem a humanidade a um estágio superior de civilização, e não devolvê-la à barbárie.
No fundo, temos de novo a velha disputa entre princípios e realpolitik.

Em cada uma das vezes em que revolucionários colocaram de lado seus ideais para priorizar conveniências momentâneas, os resultados foram terríveis – vide, p. ex., o pacto entre a Alemanha nazista e a URSS stalinista, que destruiu a aura soviética aos olhos do mundo e não evitou a guerra entre ambas.

O ônus moral do apoio a Ahmadinejad é imenso. O que o justificaria, na nossa ótica?

O Irã, seguramente, não derrotará Israel no campo de batalha. Mandará os israelenses pelos ares com uma bomba atômica?

AINDA QUE FOSSE POSSÍVEL FAZER ALGO ASSIM SEM O RISCO DE PROVOCAR UMA REAÇÃO EM CADEIA CATASTRÓFICA PARA A HUMANIDADE, CONTINUARIA SENDO UMA HIPÓTESE INADMISSÍVEL PARA REVOLUCIONÁRIOS!


Os estadunidenses apagaram duas cidades japonesas do mapa, impondo horrores indescritíveis à população, apenas para exibir seu poderio.

Revolucionários não agimos dessa forma. Nossas vitórias são conquistadas a partir da mobilização das massas, não de armas do Juízo Final.

A nossa opção para derrotarmos Israel é unindo verdadeiramente os povos oprimidos e agredidos pelo estado judeu.

O que passa pela derrubada de mandatários feudais mais preocupados em perpetuar-se no poder do que em combater o inimigo, mais avessos à mobilização do seu próprio povo do que às carnificinas israelenses.

São as revoluções populares que nos aproximam do nosso objetivo, não os desmandos de tiranetes como Ahmadinejad.

Mais dia, menos dia, como fruta podre que é, ele cairá. Temos todos os motivos para apoiar os resistentes de lá e nenhum para apoiar o liberticida de lá.

Mesmo sendo a realidade o que mais nos custa crer, a cegueira sai muito cara para revolucionários. Trata-se de um luxo a que não podemos nos dar.

Um comentário:

Anônimo disse...

Celso, seu artigo tem o meu total apoio. Trata-se da luta da civilização contra a barbárie o que se trava no Irã.O presidente do Irá não passa de um fantoche nas mãos dos aiatolás, líderes religiosos que não têm o menor pudor em sujar as mãos de sangue.E pensar que Lulla se referiu a essas manifestaçãos da oposição iraniana como um simples FlaxFlu.

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