Celso Lungaretti (*)
O presidente George W. Bush e altas autoridades do governo norte-americano emitiram nada menos do que 935 declarações falsas sobre as armas de destruição em massa que o Iraque possuiria ou estaria produzindo, de forma a obterem o aval do Congresso e da população dos EUA para a invasão de um país soberano e a derrubada do seu primeiro mandatário.
Foi o que concluíram o Centro da Integridade Pública e o Fundo para a Independência do Jornalismo, duas organizações jornalísticas sem fins lucrativos. Ambas acabam de divulgar estudo segundo o qual, nos dois anos seguintes aos ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, as mentiras governamentais foram disseminadas via pronunciamentos, relatórios, entrevistas e outros meios, como “parte de uma campanha organizada que direcionou efetivamente a opinião pública e, no processo, empurrou o país para uma guerra com indiscutíveis falsas pretensões".
Os jornalistas Charles Lewis e Mark Reading-Smith, ao apresentarem as conclusões desse estudo no site do Centro ( http://www.publicintegrity.org/WarCard/ ), comentaram: "Agora é incontestável que o Iraque não possui nenhuma arma de destruição em massa. Em outras palavras, o governo Bush levou a nação à guerra baseado em informações equivocadas propagadas metodicamente e que culminaram numa operação militar contra o Iraque em março de 2003”.
Entre os pinóquios de alto escalão figuram também o vice-presidente Dick Cheney, a secretária de Estado Condoleezza Rice, o ex-secretário de Defesa Donald Rumsfeld e o ex-secretários de Estado Colin Powell e Paul Wolfowitx.
Nos EUA, a imprensa lamenta amargamente ter-se deixado embalar pelos cantos de sereia oficiais e discute procedimentos a serem adotados para evitar novos logros. É verdade que, a exemplo do caso Watergate, os governantes só conseguiram iludir os jornalistas durante algum tempo, acabando por ser desmascarados.
No entanto, naquele episódio ainda houve tempo para atenuarem-se os danos, com a renúncia forçada do presidente Richard Nixon e a incriminação de vários dos seus cúmplices. Desta vez, tudo indica que Bush encerrará o mandato sem ser punido por sua responsabilidade direta ou indireta na morte de mais de 150 mil iraquianos e a desestabilização de uma pequena nação.
* Celso Lungaretti é jornalista e escritor.
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23.1.08
...MENTIRA COMO TERRA
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5 comentários:
E agora? Essa é a pergunta que todo mundo deveria estar fazendo, mas, concomitante a esse processo sabemos que também a mídia americana foi ficando cada vez mais vendida, e por isso, afirmo sempre: Fuck Bush!!!
El Zorro.
Realmente não me surpreendem mais novidades acerca dos métodos fraudulentos do governo Bush utilizados em favor do grande capital e de suas políticas mercadológicas que subjugam o humano em todo o planeta (principalmente nos países mais pobres). Resta torcer para que das próximas eleições presidenciais estadunidenses saia um governante, que no mínimo, não siga na "contra-mão da história" como este que hoje ocupa a Casa Branca.
Agora que todos estão cientes dessas mentiras não é o caso de nos perguntarmos sobre a veracidade de outros contos da carochinha que o mesmo pessoal tem usado? Carochinha 1: Al-Quaeda - uma criação muito util para justificar ações militares e limitação das liberdades civis; Carochinha: 11 de Setembro e a ameaça eminente. E por ai vai; são muitas as mentiras que têm sido usadas.
Li hoJe no Estadão a seguinte materia:"EUA matam nove civis por 'engano' no Iraque". Este mesmo tipo de "engano" já foi cometido centenas de vezes. Aliás, uma guerra que foi iniciada a partir de enganos e mentiras não surpreende ninguem que seja constantemente alimentada por enganos. A vida humana não tem qualquer valor para esta gente. O que importa a eles é o enorme volume de riqueza que estão tirando daquele país, da sua gente e de toda a região. Irônico é o argumento mais uma vez usado pelo exército americano para o tal "engano": os civis foram mortos numa operação em busca de terroristas da Al-Qaeda na região. Uma vez mais UMA MENTIRA ALIMENTANDO OUTRA!!
Por quê esses jornalistas - só depois da guerra em pleno curso resolveram denúnciar?!.
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