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25.4.10

"BELA PORQUE É UMA PORTA ABRINDO-SE EM MAIS SAÍDAS"

Um pau no computador me fez perder a mensagem que mandara a parentes e amigos, há exatos dois anos, para comunicar o nascimento da minha filha Laura.

Felizmente, houve quem a conservasse. E, noutro dia, meu velho companheiro da
Agência Estado, Apollo Natali, sabendo do meu interesse em reavê-la, retornou-a para mim.
Foi grande minha emoção ao reler aquele texto que, eu bem me lembro, apressei-me em expedir logo ao voltar para casa, ainda sob o impacto de tudo que ocorrera: o sempre renovado, mas nunca menos grandioso, milagre da vida.

Foi no trajeto de volta que me veio a idéia de citar um dos temas de
Morte e Vida Severina. Então, mal cheguei, foi só encontrar a letra e mandar ver, coisa de uns 10 minutos.

No entanto, penso que se quebrasse a cabeça durante 10 horas, não sairia nada mais apropriado, para o que a Laurinha era e para o que ela se tornou: a criança que a todos fascina/contagia com sua aura benigna e sua alegria de viver. Minha companheirinha.

Para não cair na pieguice, vou parar por aqui, deixando a mensagem e as fotos falarem por si.

Juliana e Celso comunicam o nascimento de Laura Maciel Lungaretti, neste 25 de abril, às 8h07, no Hospital Santa Catarina...

Parafraseando João Cabral de Melo Neto,

De sua formosura
deixai-me que diga:
é bela como o coqueiro
que vence a areia marinha.

De sua formosura

deixai-me que diga:
bela como o avelós
contra o Agreste de cinza.

De sua formosura

deixai-me que diga:
bela como a palmatória
na caatinga sem saliva.

De sua formosura

deixai-me que diga:
é tão bela como um sim
numa sala negativa.

É tão bela como a soca

que o canavial multiplica.

Bela porque é uma porta

abrindo-se em mais saídas.

Bela como a última onda

que o fim do mar sempre adia.

É tão bela como as ondas

em sua adição infinita.

Bela porque tem do novo

a surpresa e a alegria.

Bela como a coisa nova

na prateleira até então vazia.

Como qualquer coisa nova

inaugurando o seu dia.

Ou como o caderno novo

quando a gente o principia.

E bela porque o novo

todo o velho contagia.

Bela porque corrompe

com sangue novo a anemia.

Infecciona a miséria

com vida nova e sadia.

Com oásis, o deserto,

com ventos, a calmaria.

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