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22.6.15

DUAS OPÇÕES DESASTROSAS DO PT: O JOGO SUJO CONTRA MARINA E TER IGNORADO O "VOLTA LULA!".

A ficha já deve estar caindo para os petistas que me satanizaram ou ignoraram durante a última campanha eleitoral: era eu quem via mais longe, não os jenios que dirigem o partido.  

Bom conhecedor do que seja um arrocho fiscal, uma recessão e de como se comporta o povo brasileiro quando seu bolso fica vazio, eu adverti: já que lhe faltava coragem política para tentar trilhar caminho diferente do da ortodoxia econômica do capitalismo, então melhor seria o PT, pelo menos,  não continuar na Presidência da República em 2015/2018, deixando para outra força qualquer o mico de acertar as contas públicas arrancando o couro e o sangue dos explorados.

Surgiu uma chance de sair do Palácio do Planalto sem grandes traumas: perder para os tucanos seria duro de engolirem, mas a entrada da Marina Silva na disputa facilitava tudo.

Filha pródiga do petismo, ela não era, então, exacerbadamente hostil ao seu partido de origem, nem levava jeito de, num mandato presidencial, adquirir solidez política. Exatamente por conta do desagrado no qual incorre quem faz o serviço sujo do capitalismo, a tendência seria a de não conseguir se reeleger nem fazer seu sucessor, deixando o caminho aberto para Lula voltar garbosamente em 2018.

Sabe-se lá o porquê --suspeito que todos os bons companheiros pendurados nos infinitos cabides do governo e das estatais ou beneficiários de boquinhas hajam tido peso determinante em tal insensatez--, o PT preferiu fincar os dentes no osso, desconstruindo Marina com uma das campanhas eleitorais mais mentirosas, manipulatórias e sórdidas já vistas no Brasil.

Resultado: está tendo ele próprio de degradar-se, impondo aos brasileiros um pacote de odiosas medidas de austeridade que parecem copiadas de Margaret Thatcher, Ronald Reagan e Augusto Pinochet. 

Ao fazer aquilo que tanto repudiava e vinha execrando há mais de três décadas, o PT desmoralizou a si próprio e ao restante da esquerda (pois o cidadão comum dificilmente diferencia a força majoritária das outras tendências, vê tudo como uma coisa só).

Antes do 2º mandato completar um semestre, a recessão do Levy já fez a rejeição a Dilma subir aos píncaros: segundo pesquisa recém-divulgada pelo DataFolha, 65% dos brasileiros a veem como "ruim" ou "péssima", contra míseros 10% que ainda a apoiam.

E o pior ainda está para vir. Não existe a mais remota dúvida de que a recessão vai se agravar (a única incógnita é se virará ou não depressão); nem de que a situação só vai começar a melhorar em 2017 --e isto na mais benigna das hipóteses. O período de penúria poderá durar ainda mais. 

Pelo andar da carruagem, se não renunciar nem for impedida, Dilma só por milagre escapará de passar à História como campeã absoluta de impopularidade presidencial, pior ainda do que o Sarney e o Collor. 

Neste momento, já é um cadáver político. Talvez o cinema se inspire nela para fazer o primeiro filme sobre presidente zumbi... 

Quanto a Lula, que deveria conquistar um terceiro mandato com um pé nas costas, seu prestígio também despenca a olhos vistos. Se o 1º turno fosse hoje, tomaria uma sova do Aécio Neves: 35% a 25%, ficando a Marina com 18%.

E ainda corre o risco de dar com os costados numa prisão, pagando o preço da imprevidência: o mandato que não buscou na última eleição poderá lhe fazer muita falta. O Paulo Maluf, que agora é seu amigo desde criancinha, poderia tê-lo instruído a este respeito.

Aliás, se tal mandato fosse o presidencial, estaríamos, pelo menos, com um governante carismático e politicamente hábil, alguém que talvez conseguisse convencer o povão a suportar melhor a fase de vacas magras.

Todas as vezes em que o "volta Lula!" pareceu ganhar força, eu manifestei simpatia pela substituição da cabeça de chapa, pois via como o pior cenário possível e imaginável termos uma presidenta tão fraca num período tão complicado como o que se desenhava. Dilma quis porque quis o bis. Para quê? Para cumprir funções cerimoniais enquanto o Levy e o Temer governam? Será que seu sonho de menina era tornar-se rainha da Inglaterra?

Mais: terão os grãos petistas, no ano passado, adotado estratégias sugeridas pelo Felipão? Pois a obstinação em vencerem a qualquer preço uma eleição na qual a vitória nada traria de bom está destruindo o partido: perdeu a classe média, o povão a está seguindo, perderá o poder, tende a encolher acentuadamente nas próximas eleições e é bem provável que sua componente de esquerda migre. A consequência desse 1x7 político e moral será sua definitiva descaracterização e a marcha para a irrelevância..

Quanto a nós, da esquerda, voltamos à estaca zero, tendo de começar de novo a empurrarmos a pedra para o topo da montanha, sem sequer sermos respeitados como éramos em 1980. É desalentador.

15.6.15

DO PT NADA MAIS PODEMOS ESPERAR. É HORA DE OS PETISTAS FIEIS AOS IDEAIS DE ESQUERDA SAÍREM DO PARTIDO!

Dilma causou tédio ao defender o arrocho do Levy
Terminou melancolicamente o 5º congresso do PT, com o apego ao poder e suas benesses prevalecendo sobre o próprio nome do partido (pois não são mais os trabalhadores que ele representa), a coerência, a dignidade e a vergonha na cara.

A maioria decidiu que as ressalvas à guinada neoliberal de Dilma.2 apareceriam no documento final da forma mais velada e evasiva possível, a ponto de um cidadão comum mal conseguir perceber que elas existiram:
"É preciso conduzir a orientação geral da política econômica para implementação de estratégias para a retomada do crescimento e defesa do emprego, do salário e dos demais direitos dos trabalhadores que permita a ampliação das políticas sociais".
Do rascunho do documento constava a exigência de "alteração da política econômica", mas o vento levou...

Também ficou decidido, com a rejeição da emenda que caracterizava o PMDB como "sabotador do governo", que a aliança com a fisiologia explícita vai ser mantida enquanto os fisiológicos assim o desejarem.
Estará o Lula repreendendo Dilma...

Se, portanto, sobrevier adiante alguma iniciativa para desfazer o pacto com o demônio, ela partirá de Mefistofeles. Fausto desistiu de recuperar sua alma.

Resumo da opereta: na pior recessão da história brasileira recente, com forte possibilidade de se tornar depressão, o PT se manterá alinhado com os exploradores e seu receituário neoliberal que tem fracassado miseravelmente em tantos outros países.

Contando com os préstimos sempre interesseiros do PMDB para aprovar no Congresso as medidas de austeridade e assim poder socá-las goela dos brasileiros adentro. [Novos mensalões e petrolões à vista?]

E o governo do PT, claro, vai continuar mentindo descaradamente ao povo quanto à duração do arrocho, para fazê-lo crer que durará pouco, embora saiba e (quando fala com os caras pálidas das finanças internacionais e não conosco, pobres bugres) reconheça que comeremos o pão que o diabo amassou pelo menos durante 2015 e 2016 inteiros.
...por ter abdicado da condução da política econômica?

Isto não quer dizer, nem de longe, que a coisa melhorará a partir de 2017. Desde quando acreditamos cegamente em previsões calcadas na ortodoxia econômica de Milton Friedman, o messias desse office boy do FMI e dos grandes bancos que atende pelo nome de Joaquim Levy?

Enfim, se ainda havia esperanças na esquerda do PT, ela agora está reduzida a uma só: a de que  os inconformados com a direitização do partido finalmente com ele rompam a venham engrossar as fileiras dos que ainda resistem ao neoliberalismo.

O PT já decidiu qual trincheira vai ocupar durante o período turbulento que atravessaremos como consequência da submissão incondicional do Brasil às imposições capitalistas. E não é a nossa.

11.6.15

É A ÚLTIMA CHANCE PARA O PT DAR UM BASTA À DIREITIZAÇÃO!!!

5º CONGRESSO 
QUE O PT IMPONHA O AFASTAMENTO DE LEVY E TEMER OU SE ASSUMA COMO PARTIDO DOS TRAÍRAS!

O Partido dos Trabalhadores nasceu da resistência à ditadura militar, das batalhas sindicais contra o patronato e da luta dos melhores brasileiros contra o capitalismo.

A ditadura militar acabou, o PT fez sórdidas alianças políticas com muitos dos antigos apoiadores do arbítrio e sempre negou fogo quando surgiram oportunidades para a apuração e punição dos crimes cometidos pelos terroristas de Estado.

Se a primeira bandeira deixou de existir, as duas outras estão sendo atiradas no lixo agora, pois a opção neoliberal em política econômica equivale à definitiva capitulação do PT aos patrões e ao capitalismo.

Capitulação que também se expressa, politicamente, na divisão do poder governamental com o maior partido fisiológico, oportunista e imobilista do País.

Então, no 5º congresso do PT, os delegados terão de decidir entre:
  • uma rejeição inequívoca e contundente dos valores que Joaquim Levy e Michel Temer expressam, incluindo a exigência de exoneração do primeiro e de retirada da  articulação política das mãos do segundo; ou
  • o reconhecimento de que o partido oPTou pelos exploradores e não mais representa os explorados, apenas os mistifica.
No segundo caso, se tiverem um pingo de honestidade, os petistas adequarão sua denominação à nova realidade. Que tal Partido dos Traíras?

NEM JUDAS, NEM CRISTO: LEVY É O PILATOS QUE SUBMETE A ECONOMIA BRASILEIRA AOS DESÍGNIOS DO IMPÉRIO.

Dilma pede que não façamos de Joaquim Levy um Judas, e está certa. Não se pode acusar de trair suas convicções quem sempre foi neoliberal e o continua sendo como ministro do governo do PT. 

Traidores são os outros: aqueles que, no poder, renegam seus valores mais arraigados, como a luta que a esquerda trava há décadas contra o neoliberalismo.

Temer compara Levy a Cristo, revelando-se um ateu dissimulado, pois um verdadeiro cristão jamais faria equiparação tão disparatada, para não correr o risco de ser fulminado por um raio.

Dos personagens bíblicos, a verdadeira semelhança de Levy é com Pilatos
  • a despeito do que consta na certidão de nascimento, seu coração pertence ao Império, daí estar desempenhando o papel de praefectus do FMI na província do Brasil; 
  • crucifica os trabalhadores, os pobres e os indefesos, que perdem empregos, poder aquisitivo, o sono e a saúde como consequência da iníqua e perversa política econômica por ele implementada; e
  • lava as mãos face a todo sofrimento que causa e à depressão econômica para a qual suas ações nos encaminham.

4.6.15

QUE MORAL O PSOL SEGUE, A NOSSA OU A DELES?

Foi assim em 2006. Estará sendo produzido um remake?
O companheiro Eduardo Rodrigues Vianna pede a minha opinião a respeito do comportamento do PSOL, que outrora ia às ruas repudiar a chamada cláusula de barreira e agora, dando uma guinada de 180º, alinhou-se com as forças políticas majoritárias.

Na primeira votação na Câmara Federal, os quatros deputados psolistas (Chico Alencar, Edmilson Rodrigues, Ivan Valente e Jean Wyllys) surpreendentemente concordaram com a pretensão de se privar, tanto do tempo de televisão quanto dos recursos do fundo partidário, os partidos sem nenhum representante no Congresso Nacional. 

Tratando-se de uma proposta de emenda à Constituição, haverá ainda uma segunda votação na Câmara e duas no Senado --três chances de se rechaçar a também conhecida como cláusula de exclusão. E o STF poderá novamente considerá-la inconstitucional, como o fez, por unanimidade, em 2006.

Em termos práticos, os quatro votos da bancada do PSOL não decidiram nada, já que o placar foi de 369 a 39. Prevalecendo tal tendência, pouco importará se o PSOL mantiver sua nova postura ou voltar à antiga.
Por que mudou, mudou por quê?

Portanto, a questão é sobretudo de princípios.

Se o PSOL ainda pretende seguir a nossa moral (a moral revolucionária), estará traindo os seus valores ao esfaquear pelas costas o PCB, o PCO e o PSTU, agremiações do campo da esquerda que definharão de vez caso sejam submetidas a tais restrições.

Se agora adota a moral deles (a moral burguesa), não temos mais o que conversar. 

Francamente, meu ceticismo é total quanto à possibilidade de que o Parlamento deles venha a ter qualquer utilidade para a nossa causa. Nem acredito que as fugazes mensagens dos nanicos de esquerda veiculadas no horário eleitoral consigam penetrar em cabeças marteladas e mesmerizadas dia e noite pela indústria cultural.

Mas, para o que realmente conta --a revolução de verdade, nas escolas, nas ruas, campos e construções, não a revolução sem povo, essa ilusão daninha de que se possa tomar o Estado por dentro, a partir de infiltrações nos três Poderes--, a esquerda precisará estar unida como nunca esteve nas últimas décadas. 

O PSOL, agindo assim, em nada está contribuindo para a gestação de uma mais do que necessária frente de esquerda --e isto num momento em que o quadro político favorece em muito tal iniciativa, pois os militantes fiéis aos ideais históricos do PT, indignados com a opção pelo neoliberalismo, tendem a sair do partido governista em busca de ar puro.

A falta de humildade, a eterna aspiração à hegemonia, a mesquinhez de pequenos comerciantes obcecados em alavancar seus próprios negócios tomando espaço dos concorrentes, esses resquícios da mentalidade deles que teimam em perdurar no nosso meio têm grande peso no apequenamento da esquerda brasileira desde a redemocratização.

Saímos da ditadura com enorme prestígio e aura de martírio. Dilapidamos praticamente todo o capital político que havíamos acumulado na heroica resistência ao arbítrio. E, se não reencontramos o caminho da unidade revolucionária, acabaremos reduzidos à irrelevância.

2.6.15

O GRANDE ROGER WATERS CONCLAMA TROPICALISTAS A BOICOTAREM ISRAEL. OS NANICOS CAETANO E GIL DIZEM NÃO.

Gulliver...
Roger Waters, que foi letrista, baixista e co-vocalista do conjunto britânico de rock progressivo Pink Floyd, não é melhor do que Caetano Veloso e Gilberto Gil apenas como artista (o álbum conceitual The Wall, que foi por ele concebido, coloca-o num patamar inalcançável para os baianos): também vale muito mais do que eles como ser humano e como homem político.

Waters faz parte do movimento global BDS (boicote, desinvestimento e sanções), que pressiona Israel a devolver ao povo palestino os territórios que tomou e mantém manu militari. Neste sentido, enviou carta a Caetano e Gil, exortando-os a não se apresentarem num dos piores transgressores de direitos humanos do mundo atual, país genocida e réprobo (pois suas bestialidades foram condenadas um sem-número de vezes pela ONU). 
...e os liliputianos.

Por meio das respectivas assessorias, ambos fizeram saber que são bem diferentes do que davam a entender em suas composições.

Gilberto Gil prefere engordar sua conta bancária do que "ficar em casa/ (...) preparando/ palavras de ordem/ para os companheiros/ que esperam nas ruas/ pelo mundo inteiro/ em nome do amor" (Questão de ordem).

E do Caetano Veloso nunca mais poderemos esperar que nos ajude a "derrubar as prateleiras/ as estantes, as estátuas/ As vidraças, louças, livros, sim" (É proibido proibir). Ele quer mesmo é empilhar maços e mais maços de novos shekels, a moeda israelense.

Há uma página no Facebook dedicada ao assunto: Tropicália não combina com apartheid. Recomendo.

Clique aqui para acessar a carta de Waters, na íntegra. 

Ela é irrespondível, o que explica a falta de resposta por parte dos habitualmente tão loquazes Veloso e Gil. Já devem estar arrependidos da capitulação à "força da grana que ergue e destrói coisas belas" (Sampa). Inclusive reputações...


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