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8.3.07

GEORGE W. BUSH, O PANACA-MOR

Os anjos estão pelas ruas, tentando cravar suas flamejantes lanças retóricas no coração da fera: o dragão da maldade George W. Bush, 43º presidente dos Estados Unidos.

É gratificante ver a juventude começar de novo a mobilizar-se em função de questões maiores. Será que vão queimar bandeiras dos EUA, como fazíamos nas manifestações estudantis de 1968? Haverá bonecos Bush para serem malhados como Judas em sábado de Aleluia? Ou isso não pegaria bem nestes tempos politicamente corretos?

Só uma coisa me incomoda: o alvo é insignificante demais.

No século passado, os dirigentes das nações eram gigantes como Roosevelt, Churchill, De Gaulle, Hitler, Mussolini, Lênin, Stalin, Mao, Perón, Getúlio Vargas. Independentemente de como avaliemos a posição política e os feitos de cada um deles, é inegável que cravaram uma marca pessoal no destino de seus países. Fizeram História, no bom e no mau sentidos.

Desde a transição para a sociedade de massas, entretanto, quem dá as cartas é o “sistema”, com os governantes atuando mais como relações-públicas de suas administrações do que tomando decisões transcendentais. Então, chegamos à atual fornada de mediocridades eleitas a partir de sua semelhança com o homem comum.

O “sistema” oferece aos eleitores algumas opções de panacas em quem eles possam espelhar-se. Os eleitores escolhem aquele panaca que lhes pareça mais próximo do que eles são ou do que eles gostariam de ser. E depois o “sistema” fornece ao panaca escolhido todo o staff de que necessita para desempenhar a contento sua função de rainha da Inglaterra, enquanto o "governo invisível" trabalha.

George W. Bush é exatamente isto: o panaca-mor.

Sem o mínimo carisma, parece o gerente subalterno de uma agência bancária interiorana. Teve desempenho escolar ridículo e sua vida, antes da política, era um tédio só.

O único “feito” marcante, até então, havia sido o artifício utilizado para escapar da Guerra do Vietnã: aproveitando a influência familiar, alistou-se na Guarda Aérea Nacional do Texas e pôs-se a salvo de ser enviado para o sudeste asiático, embora defendesse a intervenção militar dos EUA naquela região.

Sua plataforma na disputa presidencial de 2000 foi a de governar como um “conservador com compaixão”. Prometeu, acredite quem quiser, avanços educacionais e inclusão social...

E teve uma vitória das mais contestadas, pois o fiel da balança foi o estado da Flórida, governado por seu irmão; houve muitas acusações de fraude e uma interminável recontagem dos votos.

Os atentados contra o WTC, no nono mês de mandato, forneceram a seu esquema político um mote providencial para fidelizar a classe média dos EUA: a luta contra o terrorismo.

O Governo Bush ordenou invasões desnecessárias do Afeganistão e do Iraque, derrubou a bel-prazer os mandatários desses países e tripudiou da forma mais arrogante sobre um inimigo vencido, fazendo (por meio de fantoches) condenar e executar Saddam Hussein.

É difícil relacionar a imagem do estudante sofrível e do poltrão que driblou a guerra com esses eventos repulsivos. Acreditar que o banho de sangue no Iraque se deva à vontade de um panaca tão panaca.

Hitler parecia mesmo um destruidor de nações. Bush, não. Tudo faz crer que seja apenas um boneco de ventríloquo nas mãos dos falcões (militaristas convictos).

Ou, talvez, nem mesmo falcões, mas tão-somente canalhas calculistas que consideram demonstrações de força no 3º Mundo um preço válido a pagar pelas vitórias eleitorais no 1º mundo.

Então, é preciso um esforço de imaginação para odiarmos George W. Bush. Temos de nos repetir, a cada instante, que ele é a face visível de um “sistema” que infelicita a humanidade e ameaça destruí-la com o aquecimento global; que massacra populações do 3º Mundo e que ajuda a manter a maioria dos brasileiros em condições subumanas.

Mas, com a cara de completo panaca que ele tem, haja imaginação!

3 comentários:

Unknown disse...

É isso aí Celso, parabéns pela insistência...estamos juntos nessa estrada, vamos continuar sonhando...esse é o melhor caminho....abraço

Unknown disse...

www.pedrocesarbatista.blogspot.com

Anônimo disse...

O "sistema" e suas engrenagens!. Mantém o "império".

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