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8.12.09

A IMPRENSA GOLPISTA MORRE, VIVA A BLOGOSFERA!

Tenho saudado em palestras e entrevistas o papel que a blogosfera vem assumindo, de alternativa à desinformação programada da indústria cultural.
Se a Folha de S. Paulo, a Veja e a Rede Globo ainda fazem a cabeça dos contingentes mais amplos, que têm interesse apenas superficial nos acontecimentos enfocados e acabam engolindo irrefletidamente o prato feito que lhes é servido pelos especialistas em manipulação, os cidadãos que buscam noticiário isento, interpretações consistentes e opiniões civilizadas cada vez mais vão buscá-los na Web.

Graças a isto, o pequeno grupo de abnegados que começou a luta em defesa da liberdade do escritor Cesare Battisti conseguiu, aos poucos, convencer os melhores seres humanos de que a verdade estava ao seu lado.

Contra o enorme poder de fogo, as pressões e os subornos da Itália; contra a subserviência canina da mídia brasileira aos interesses de outras nações e aos das oligarquias nativas; contra a inacreditável tendenciosidade do presidente do Supremo Tribunal Federal e do ministro que relatou o processo; e contra a campanha aqui orquestrada pelos ultradireitistas em geral e pelas viúvas da ditadura em particular, movidos pelo ódio genérico aos idealistas e pela obsessão em atingir os veteranos da luta armada que hoje ocupam posições destacadas no PT, contra tudo isso Fred Vargas, Eduardo Suplicy, Rui Martins e algumas dezenas de anônimos mas imprescindíveis voluntários conseguiram sustentar a bandeira da resistência em 2007 e 2008.

Até que, em função das evoluções do caso ocorridas ao longo de 2009 e também do incansável trabalho de esclarecimento desenvolvido pelo Comitê de Solidariedade a Cesare Battisti e por simpatizantes da causa, a correlação de forças foi ao poucos se invertendo na internet, até ficar francamente favorável aos solidários, contra os linchadores.

A formidável corrente de opinião que se formou na web, atingindo os circulos do poder, acabou frustrando os planos maquiavélicos da dupla Gilmar Mendes/Cezar Peluso.

Ao invés de vitória esmagadora almejada, a sua cruzada para estuprar a Lei do Refúgio e a jurisprudência obteve míseros 5x4 nas duas primeiras votações, quando o STF resolveu apreciar um caso já decidido por quem tinha autoridade para fazê-lo e quando o STF autorizou a extradição de um perseguido por razões flagrantemente políticas e condenado num processo flagrantemente contaminado por um sem-número de distorções e aberrações.

Depois, o impacto e a repercussão do demolidor voto do ministro Marco Aurélio de Mello, que reduziu a pó de traque o relatório de Cezar Peluso, acabaram determinando a inversão do placar na terceira votação.

Ficou faltando a última e decisiva peça do quebra-cabeças de Mendes: tornar obrigatório o acatamento da decisão do Supremo por parte do presidente Lula, o que faria o Brasil retroceder a um patamar de civilização inferior ao da Idade Média, quando os condenados podiam ao menos pedir clemência aos soberanos.

Prevaleceu o entendimento tradicional e correto de que ao STF cabe apenas autorizar a extradição, mas sua concretização ou não deve ser decidida pelo Poder Executivo, que é quem conduz a política externa do País.

Agora, Lula tem o caminho desimpedido para confirmar a decisão que seu governo tomou em janeiro/2009, a única admissível em termos jurídicos.

"ESSA DO MINO QUEBROU AS MINHAS PERNAS"

Mas, não é só nos grandes acontecimentos (e este foi o maior deles até hoje!) que se percebe o robustecimento de uma nova consciência na internet, com as fileiras dos cidadãos esclarecidos expandindo-se cada vez mais e conquistando influência cada vez maior.

Também o repúdio às falácias da grande imprensa cresce a olhos vistos. Não só o Movimento dos Sem-Mídia consegue colocar muitos manifestantes na rua contra a Folha de S. Paulo, como os próprios leitores rechaçam veementemente as imposturas dos veículos golpistas, seja nas seções a eles destinadas, seja no espaço de comentários.

Das mensagens recebidas pela Folha de S. Paulo a respeito da acusação sem provas nem testemunhas que César Benjamin fez ao presidente Lula, 210 reprovaram a postura do jornal, contra apenas 9 concordantes. Isto deu respaldo ao ombudsman Carlos Eduardo Lins da Silva para proferir a mais enfática acusação que já fez à sistemática fabricação de factóides por parte do jornal:
"Só quem crê dispor de certezas prévias inabaláveis, como os fanáticos religiosos ou políticos (muitas vezes são a mesma coisa), pode se achar capaz de distinguir verdade e mentira com base só em palavras".
E uma avalanche de críticas dos leitores da CartaCapital desabou sobre Mino Carta, nos comentários a respeito do editorial em que rasgou seda para Gilmar Mendes, por sua posição contrária a Cesare Battisti. A condenação foi praticamente unânime. Eis um desabafo bem humorado:
“É impossível ser capaz de julgar toda matéria que leio, se é parcial ou não. Preciso de um mínimo de confiança pra me informar. Mas essa do Mino quebrou as minhas pernas. Inacreditável! A fixação pelo Batistti fez ele elogiar o Gilmar Mendes? Vou dormir e de manhã eu volto aqui pra ver se eu não estava sonhando....”
Muitos leitores extraíram a conclusão óbvia:
“Depois dessa da CartaCapital e do cair de máscaras do Mino, só resta-me uma postura a adotar. Desistir do meu intento de renovar a CartaCapital e viver da blogosfera”.
Quanto mais a grande imprensa violentar as boas práticas e os princípios éticos do jornalismo, maior será o número de leitores migrando definitivamente para a web. Os mais dotados de espírito crítico à frente.

Só que, não se iludam os senhores da mídia, quem perde os formadores de opinião, mais dia, menos dia, perde todo o resto.

Daí a decadência já visível da Veja e da CartaCapital. E o desempenho cada vez pior da Folha de S. Paulo nas bancas.

Um comentário:

Unknown disse...

César Benjamin é apenas um sintoma

Participei do repúdio à “Ditabranda”, mas não fui ao protesto contra o artigo de César Benjamin. Acho que a celeuma lhe conferiu visibilidade desnecessária e alimentou uma ilusória vocação “polemista” da Folha.
É incrível que o jornal tenha descido a esse nível de vulgaridade. Há alguns anos, seria inimaginável que qualquer veículo publicasse um texto acusando o presidente da República de querer sodomizar alguém na cadeia (tecnicamente, “atentado violento ao pudor”), apenas porque um colunista obscuro decidiu combater a popularidade do mandatário.
Parece fácil, para Antonio Cicero e outros, defender essa liberdade opinativa de mão única. Mas ninguém consegue explicar por que nenhum governo jamais foi atacado de maneira tão grosseira, descarada e inescrupulosa. De erro em erro, a cada suposto “deslize” porcamente corrigido, constrói-se a metodologia difamatória que está reduzindo o jornalismo brasileiro ao achaque ideológico.
A truanice de Benjamin é exemplo menor, infantil até, de uma tendência que teve episódios muito mais graves e conseqüentes. Mas ela serve como anúncio do que nos aguarda nas batalhas eleitorais vindouras.

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