Desta vez, o senador Eduardo Suplicy (PT) corre risco bem maior de ser cassado por quebra do decoro parlamentar: o corregedor-geral do Senado, Romeu Tuma (PTB), informou que abrirá investigações sobre o caso da cueca vermelha na próxima 3ª feira (20), praticamente antecipando que a conclusão será o envio de uma representação ao Conselho de Ética.
Para quem não se lembra, Tuma era superior hierárquico do pior assassino serial da Polícia Civil durante a ditadura militar, o delegado Sérgio Paranhos Fleury.
Diretor-geral da Delegacia de Ordem Política e Social no auge do terrorismo de Estado, Tuma passou depois a chefiar o Serviço de Informações do seu sucessor, o Departamento Estadual de Ordem Política e Social -- função que ocupava durante o Caso Herzog.
Em 2005, um dos remanescentes desse episódio e atual presidente da Fundação Padre Anchieta, o jornalista Paulo Markun lançou o livro Meu querido Vlado, trazendo uma gravíssima acusação contra Tuna: foi o primeiro a denunciar Herzog, o que teria feito dele um alvo para o DOI-Codi.
Markun exibiu ata de uma reunião dos serviços de informações da ditadura, realizada 45 dias antes da morte de Vlado, da qual consta o seguinte informe de Tuma:
Da mesma forma, Tuma sempre conseguiu manter "uma distância oceânica" das torturas e assassinatos cometidos por Sérgio Fleury. Nenhum ex-preso político se lembra dele como torturador, mas Ivan Seixas garante que ele analisava as informações arrancadas nas torturas e decidia quem (e quanto) seria torturado.
Não há nada a estranhar em sua volta espetaculosa à cena como xerife do Plano Cruzado durante o Governo Sarney. Tinham a afinidade básica de haverem servido fielmente à ditadura militar e conseguido, com inegável jogo de cintura, escapar do destino que lhes deveria caber num país redemocratizado: a responsabilização ou, no mínimo, o ostracismo.
Esse é o personagem que hoje bate no peito e proclama: "É tão ridículo que custei a dar crédito às fotos. É chocante que um senador ande de calcinha por pedido de um programa de TV".
Será que o episódio burlesco protagonizado por Suplicy no Pânico na TV é o verdadeiro motivo da diatribe de Tuma?
Ou ele estará aproveitando para dar o troco pela recente expulsão simbólica que Suplicy aplicou a seu amigo e protetor Sarney?
O certo é que Tuma fez questão de lembrar o caso do cartão vermelho com estas palavras: "O senador feriu as regras e sujou a imagem do Senado em um período não muito positivo de sua história".
Noves fora, o que realmente quebrou o decoro parlamentar e sujou a imagem do Senado, em tempos recentes, foi a absolvição dos culpadíssimos Sarney e Palloci, não a palhaçada inofensiva de Suplicy.
Em nome de tudo que Suplicy já fez pelas causas justas, temos a obrigação de defender com todas as forças seu mandato.
Mesmo porque, pior do que a cueca vermelha são os dolares na cueca, contra os quais o Senado jamais agiu com a energia que se impunha.
Suplicy, entretanto, tem de se compenetrar que seu papel como principal defensor dos direitos humanos no Congresso Nacional é incompatível com exposições ridículas de sua imagem.
É hora de optar, de uma vez por todas, pela priorização da credibilidade ou dos holofotes, nas situações em que uns excluírem a outra.
Para quem não se lembra, Tuma era superior hierárquico do pior assassino serial da Polícia Civil durante a ditadura militar, o delegado Sérgio Paranhos Fleury.
Diretor-geral da Delegacia de Ordem Política e Social no auge do terrorismo de Estado, Tuma passou depois a chefiar o Serviço de Informações do seu sucessor, o Departamento Estadual de Ordem Política e Social -- função que ocupava durante o Caso Herzog.
Em 2005, um dos remanescentes desse episódio e atual presidente da Fundação Padre Anchieta, o jornalista Paulo Markun lançou o livro Meu querido Vlado, trazendo uma gravíssima acusação contra Tuna: foi o primeiro a denunciar Herzog, o que teria feito dele um alvo para o DOI-Codi.
Markun exibiu ata de uma reunião dos serviços de informações da ditadura, realizada 45 dias antes da morte de Vlado, da qual consta o seguinte informe de Tuma:
"Que o canal 2, através de seu departamento de jornalismo, está fazendo uma campanha sistemática contra as instituições democráticas e esse fato foi notado após ter assumido a direção daquele departamento o jornalista Wladimir Herzog, elemento sabidamente comprometido".Tuma assumiu a autoria do informe, como parte de suas atribuições na época, mas negou qualquer responsabilidade nos eventos posteriores: "Há uma distância oceânica entre isso e o que aconteceu com o jornalista Vladimir Herzog".
Da mesma forma, Tuma sempre conseguiu manter "uma distância oceânica" das torturas e assassinatos cometidos por Sérgio Fleury. Nenhum ex-preso político se lembra dele como torturador, mas Ivan Seixas garante que ele analisava as informações arrancadas nas torturas e decidia quem (e quanto) seria torturado.
XERIFE DE SARNEY
Não há nada a estranhar em sua volta espetaculosa à cena como xerife do Plano Cruzado durante o Governo Sarney. Tinham a afinidade básica de haverem servido fielmente à ditadura militar e conseguido, com inegável jogo de cintura, escapar do destino que lhes deveria caber num país redemocratizado: a responsabilização ou, no mínimo, o ostracismo.
Esse é o personagem que hoje bate no peito e proclama: "É tão ridículo que custei a dar crédito às fotos. É chocante que um senador ande de calcinha por pedido de um programa de TV".
Será que o episódio burlesco protagonizado por Suplicy no Pânico na TV é o verdadeiro motivo da diatribe de Tuma?
Ou ele estará aproveitando para dar o troco pela recente expulsão simbólica que Suplicy aplicou a seu amigo e protetor Sarney?
O certo é que Tuma fez questão de lembrar o caso do cartão vermelho com estas palavras: "O senador feriu as regras e sujou a imagem do Senado em um período não muito positivo de sua história".
Noves fora, o que realmente quebrou o decoro parlamentar e sujou a imagem do Senado, em tempos recentes, foi a absolvição dos culpadíssimos Sarney e Palloci, não a palhaçada inofensiva de Suplicy.
Em nome de tudo que Suplicy já fez pelas causas justas, temos a obrigação de defender com todas as forças seu mandato.
Mesmo porque, pior do que a cueca vermelha são os dolares na cueca, contra os quais o Senado jamais agiu com a energia que se impunha.
Suplicy, entretanto, tem de se compenetrar que seu papel como principal defensor dos direitos humanos no Congresso Nacional é incompatível com exposições ridículas de sua imagem.
É hora de optar, de uma vez por todas, pela priorização da credibilidade ou dos holofotes, nas situações em que uns excluírem a outra.
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