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14.1.07

OS MOTIVOS DO TORTURADOR (dez/2006)

Embora seja impossível simpatizar com os motivos de um Brilhante Ustra ou, sequer, aceitá-los, eu compreendo muito bem o que o leva a sentir-se traído e injustiçado.

Ao comandar o DOI-Codi, ele fez exatamente o que dele esperava o Exército: combateu o inimigo por todos os meios a seu dispor, sem importar-se com os direitos humanos, as convenções de Genebra e outras "perfurmarias". Saiu-se vitorioso e foi aclamado por seus pares.

Veio a redemocratização e ele passou a ser estigmatizado como um monstro... sozinho. Levou merecidamente a culpa por tudo aquilo que seus comandados fizeram. Mas, ninguém se lembrou de cobrar de seus superiores a responsabilidade que tiveram nas atrocidades perpetradas pelo DOI-Codi durante os anos de chumbo. As conveniências políticas falaram mais alto do que o senso de justiça.

Se fosse um homem de caráter, Brilhante Ustra se rebelaria contra aqueles que lhe ordenaram que cometesse crimes contra a humanidade e depois se puseram a salvo, não carregando com ele o fardo do opróbrio. Mas, de quem fez o que fez durante 1970/1974 só poderia esperar-se o caminho tortuoso que preferiu trilhar depois: tentar convencer o Brasil inteiro de que as vítimas é que eram os algozes e ele, um pobre coitado sem culpa nenhuma no cartório.

Seus dois livros repulsivos, entretanto, atraíram contra ele a ira dos justos. Porque são montados a partir das informações arrancadas dos prisioneiros mediante as torturas mais cruéis, seja no próprio DOI-Codi, seja nos aparelhos clandestinos da repressão, de onde não se saia vivo. Era muita impudência utilizar o espólio de sua ignomínia para tentar justificar-se.

Então, eis Brilhante Ustra, mais do que nunca, sendo visto pelos brasileiros como o torturador-símbolo da ditadura militar.

Mas, não serei tão injusto com ele como ele sempre foi com os outros: afirmo, e assino embaixo, que seus comandantes tiveram culpa ainda maior pelas práticas desumanas e desonrosas do DOI-Codi, nessa que foi uma das páginas mais vergonhosas da História do Brasil.

2 comentários:

Anônimo disse...

Sr Celso Lugaretti, uma única pergunta me vem a cabeça após ler o seu texto. Assim como os perseguidos e torturados, bem como suas famílias querem que o Cel Brilhante Ustra seja julgado e condenado (moralmente como se têm vinculado), eu pergunto: e todos aqueles, militares e civis, dá dita Repressão e Terroristas, se todos, sem exceção, serão também julgados. Se aqueles que torturaram e mataram merecem julgamento, por que naum se fala em aplicar as penas da lei aos que assaltaram banco, explodiram carros e sequestraram, já que a meu ver são crimes também...quem julgará esses últimos?
Eu acredito que justiça deva ser feita! Feita para todos...militares e oposicionistas, esquerdistas, terroristas, como bem queira chama-los.

Anônimo disse...

Resposta ao Sr. Anônimo

Por uma questão muito simples: os militares, torturadores e responsáveis pela repressão cometeram crimes contra a HUMANIDADE ( TORTURA ) quando prendiam uma pessoa, por pior que fosse esta pessoa, terrorista ou esquerdista, e a submetiam a todo tipo de tortura, deixando-as indefesa, trancada em locais isolados, ( as vezes se fossem mulheres eram estupradas, muitas mulehers sofreram estupro pelos agentes da repressão depois de presas ) uma tremenda covardia. OS TORTURADORES NÃO CEITAM SEREM JULGADOS, MESMO SE FOSSEM JULGAMENTOS ONDE TODOS OS ENVOLVIDOS( TERROTISTAS, MILITARES, COMUNISTAS ) TAMBÉM FOSSEM JULGADOS..ELES IRIAM PREFERIR FICAR DE FORA, OS TORTURADORES BRASILEIROS ODEIAM A HIPÓTESE DE SEREM JULGADOS E PODER VIREM A PAGAR COM A PRISÃO SO CRIMES HEDIONDOS QUE COMETERAM, .

Daniel - Salvador-Bahia

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