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6.9.22

O BOZO ESPERNEIA, MAS SÓ FALTAM 115 DIAS PARA ELE VOLTAR A SER NADA

dalton rosado
O DESESPERO SOCIAL (uma breve análise eleitoral)
Fico a me perguntar o que levou 57,8 milhões de brasileiros, correspondentes a 39,3% de um eleitorado total de 147,3 milhões de cidadãos aptos a votar em 2018, a tornarem presidente um candidato com as características grotescas e aberrantes do Boçalnaro, o ignaro, por ele anunciadas e alardeadas, sem o menor pejo, como capazes de proporcionar um governo redentor?

O que leva hoje a mesma população, após o desmascaramento das suas falácias de campanha e da derrocada flagrante do seu (des)governo genocida, ainda pretender desperdiçar com ele, segundo os institutos de pesquisa mais confiáveis, cerca de 32% dos votos válidos?

A resposta não pode ser outra além do desespero social inconsciente que busca soluções milagrosas com falsos profetas e ainda acredita num prepotente e autoritário bravateiro de quinta categoria como salvador da pátria.

A realidade é que temos uma vida social na qual se constata:
— baixo nível de renda per capita para a grande maioria da população, calculado em R$ 1.353,00 no ano de 2020, segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios do IBGE;
— um grau de violência tal que morrem cerca de 60 mi pessoas assassinadas por ano (a maioria pretos e pobres);
— um verdadeiro colapso do sistema prisional, policial e jurídico processual criminal, que se mostra incapaz de administrar e conter tamanha avalanche de produção social de criminosos de colarinho sujo e muitos outros de colarinho branco;
— um aumento dia após dia do poder do crime organizado, seja nos confins da Amazônia, seja nos subúrbios das grandes metrópoles cindidas socialmente por acentuada desigualdade social;
— um colapso no sistema de saúde, de vez que o SUS, apesar de bem intencionado, não tem recursos para atendimentos médico-cirúrgicos mais complexo;
— a impossibilidade de a prole da população da periferia estudar senão em escolas públicas, com as deficiências que todos conhecemos (mas com a melancólica vantagem de proporcionar àquelas crianças seu único alimento no dia);
— a reentrada do Brasil no mapa da fome mundial, mesmo sendo grande exportador de alimentos para o mundo;
— um número absurdo de favelas nas quais inexiste uma mínima infraestrutura urbana (água, luz, esgotamento sanitário, ruas pavimentadas, etc.);
— um nível de analfabetismo em torno de 6,6% da população, ou 11 milhões de analfabetos totalmente incapazes de ler e escrever, afora os analfabetos funcionais que não sabem interpretar um texto ou escrever sem erros crassos;
— um universo de cerca de 10,1 milhões de desempregados aptos ao trabalho; 4,3 m milhões de desalentados (os que já não procuram empregos) e 21,1% de subutilizados, segundo o IBGE;
— uma inflação acumulada de 10,7% nos últimos 12 meses (IGPm), a corroer os já insuficientes ganhos dos assalariados;
— uma cultura de valores morais deturpados, na qual prepondera como virtude o conceito da esperteza (individual ou empresarial) em enganar os outros para obter vantagens pecuniárias e ser respeitado como vencedor da guerra pela sobrevivência.

Ouvi ainda hoje, de uma mulher doce, digna e profissionalmente virtuosa na modéstia dos sua profissão, a informação de que estava fazendo um grande esforço de compreensão sobre o significado de sua vida, por não sentir-se enquadrada nos padrões sociais estabelecidos.

Tal mulher, que tem 47 anos, perdeu em 2020 um filho maravilhoso, músico que fazia um 
bico como motorista de aplicativo para ajudar no orçamento doméstico e foi assassinado a tiros por milicianos ao entrar numa região da periferia de Fortaleza.

Num esforço pessoal de superação do trauma sofrido, disse-me que, se voltasse a ser jovem, não teria mais nenhum filho, para evitar o desgosto de vê-lo smsthsnfo as injustiças desse Brasil que aí está.

Por que temos que aceitar passivamente eleições que (embora alardeadas como salvadorasdemocráticas e antídotos ao totalitarismo despótico) apenas reproduzem um modelo de mediação político, econômico e social com todas as distorções acima alinhavadas?

Quando vemos os discursos eleitorais de anos anteriores, identificamos a semelhança com os atuais, já que todos os candidatos prometem soluções milagrosas para nossos trágicos problemas os quais, por serem estruturais, requerem, isto sim, soluções estruturais.

Constatamos que os discursos falaciosos daqueles que pregavam o novo (caso do farsante que falava mal dos políticos, mesmo sendo um deles havia três décadas) evidenciaram-se como miseravelmente falsos.

Boçalnaro, com total desfaçatez, reconhece agora que sempre pertenceu ao segmento político e, pior, como medíocre integrante dq faixa podre deste segmento, o centrão (que sempre existiu e governa o orçamento fiscal brasileiro desde os tempos do Congresso Imperial, ou seja, tem idade maior até  que os 200 anos da independência ora comemorada.

Lula
, que qualificou a crise do subprime de 2008/2009 de mera marolinha, viu, impotente, o tsunami da crise do capitalismo (que defende intransigentemente, como eterno advogado dos trabalhadores submissos ao capital e sem o menor interesse em superar tal condição) consumir o governo da sua pupila Dilma Rousseff.  

Agora, faz questão de eximir-se das responsabilidades por tal debacle, como se o seu partido não tivesse nada a ver com o que aconteceu. Recusa-se até mesmo a fazer autocrítica por ele e o PT terem entragado, numa bandeja, as rédeas da política econômica a um neoliberal de segundo ou terceiro escalão. .

Ciro Gomes vende o Ceará para o Brasil como se fosse o paraíso na terra, mas omite que quem lidera as eleições no seu Estado é o capitão Wagner, um militar inexperiente, metido a político esperto e oportunista, que agora tenta desvincular sua imagem da do seu ídolo fracassado, ainda que, tanto quanto o Boçalnaro, surfe no desespero de uma população aflita, que acredita na força das armas para a contenção de problemas sociais insolúveis sob a perspectiva capitalista em fim de feira.

O presidenciável pedetista já foi tudo em termos partidários, mas trabalhista ele não é, pelo menos na acepção do seu partido. Apesar de sua retórica empolada, que mistura populismo com juridiquês que o povo não entende, nada é além de mais do mesmo, ou seja, um proponente da solução dos nossos problemas estruturais como se fossem questões meramente administrativas, fáceis de resolver.
 
Como o povo diz aqui no Nordeste, "nós estamos mesmo é precisando de uma outra lavagem de roupa". (por Dalton Rosado) 

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