Também em 2007 Rodas chamou a PM para agredir estudantes |
"Isto é apenas uma ação autoritária, típica do espírito neo-fascista, ou é o embrião de um golpe? Não temos suficientes elementos para saber, mas a hipótese deve ser pelo menos considerada."
A ponderação é de Carlos Lungarzo, da Anistia Internacional, no artigo USP: um foco golpista?. Ele também vê com apreensão a escalada autoritária na Universidade de São Paulo e a sequência de medidas visivelmente provocativas do reitor João Grandino Rodas.
Em sua análise -- exaustiva, abrangente e impecável como sempre --, Lungarzo toca num ponto crucial: o atual reitor da USP foi escolhido contra a vontade manifestada pela comunidade acadêmica (que o preteriu na lista tríplice elaborada por votação), nem de longe apresentava méritos acadêmicos que justificassem a escolha, mas é tido e havido como integrante da organização ultradireitista Tradição, Família e Propriedade.
Eis mais alguns detalhes sobre Rodas, segundo Lungarzo:
Saldo da atuação de Rodas como diretor da Faculdade de Direito da USP: foi por ela declarado persona non grata. |
- "Sendo Diretor da Faculdade de Direito pediu em 22 de agosto de 2007, o assalto da PM àquela faculdade, para expulsar violentamente estudantes e membros dos movimentos sociais";
- "Devido a sua política de 'terra arrasada' com seus inimigos, aos quais perseguiu incansavelmente dentro da faculdade, foi declarado persona non grata pela Faculdade de Direito"; e
- "[Como representante do Itamaraty na Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos] Grandino Rodas interveio no caso do filho da estilista Zuzu Angel, no qual votou contra a culpabilidade da ditadura no assassinato do rapaz. Além disso, indeferiu outros 45 pedidos com diversos pretextos (falta de provas, esgotamento do prazo, etc.)".
Então, é forte a possibilidade de que esteja mesmo em curso o balão de ensaio golpista a respeito do qual eu lancei o primeiro alerta, num espetáculo regido pelo Opus Dei de Alckmin e a TFP de Rodas.
Lungarzo foi muito feliz ao explicar por que a preparação de cenário golpista estaria se dando de forma mais sutil por parte das autoridades (mas não da grande imprensa, devo acrescentar, pois sua parcialidade está sendo simplesmente grotesca!):
"Em situações de enorme fascistização, um golpe de estado pode ser lançado sem nenhum problema, e ser aplaudido com grande fervor pelas ralés de classe média. Entretanto, quando o país possui, como atualmente o Brasil, uma democracia formal bastante estável, e a situação das classes populares mostra certo progresso em relação com governos anteriores, a necessidade de encontrar consenso para um golpe obriga a estratégias mais refinadas".
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